O Sangue que Cura

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– Está tudo bem com você, Alteza. Suas costelas parecem estar se recuperando muito bem e a ferida está ótima. Você deve estar completamente curado em mais duas semanas. Está passando a pomada?

– Todos os dias – Ryland alisou o recente curativo colocado acima de suas costelas. – Também troco o curativo três vezes por dia, como o doutor Harry me instruiu. Tem certeza de que está tudo bem? Ontem senti uma dor bem forte...

– O que o senhor fez, Alteza, ontem à noite? – O médico perguntou, olhando para Ryland. O doutor Di Marco era um homem na casa dos sessenta anos, calvo e os cabelos que sobraram eram grisalhos.

O que diria ao médico? Ontem descobri que meu irmão mais velho, na verdade, é só meu meio-irmão? Uma mulher casada tentou tirar minhas roupas no escritório do governador de Roma? Todas as opções certamente não poderiam ser faladas abertamente.

– Digamos que tive um fator estressante.

– Certo. – Ele se virou de costas e alcançou, em um armário, um aparelho para aferir a pressão. –Com licença, senhor, vou colocar no seu braço. – Ele prendeu o aparelho no braço de Ryland e apertou um botão em seguida. O medidor de pressão apertou o braço do príncipe, quase de um jeito doloroso, por alguns segundos. Quando ele finalmente afrouxou, o médico tirou o aparelho, verificando o visor. – Bem, Vossa Alteza, o senhor está com pressão alta.

Ryland deu de ombros.

– E então?

O doutor Di Marco cruzou os braços e ergueu suas grossas sobrancelhas cinzentas.

– O senhor sente dor de cabeça? Tem turvamente de visão? Fraqueza? Tontura?

– Às vezes sinto dores de cabeça, algumas vezes por... semana, acho. Recentemente eu desmaiei, não sei se isso tem a ver com fraqueza, mas saiu no jornal. Não lembro de ter tonturas e problemas de visão. Mas o que tem isso? – Ryland franziu o cenho, encarando o médico, enquanto tornava a abotoar sua camisa.

– Você está em uma posição muito estressante, Alteza, ainda mais depois de tudo que está acontecendo. Estou preocupado com sua pressão, já que você está aqui sentado sem nenhum fator de estresse e ela está seriamente aumentada. Talvez você sofra de hipertensão, Alteza. Eu gostaria de fazer alguns exames.

– Claro. Hum... – Ryland comprimiu os lábios brevemente – Só por curiosidade, o que isso significa exatamente?

– A hipertensão não tem cura, mas o tratamento é fácil, só terá que tomar um remédio por dia, pela vida toda. – explicou o médico.

Isso era seriamente duradouro, como um casamento.

– Sim, mas de onde isso teria vindo? Quer dizer, não lembro de meus pais sofrerem de hipertensão.

O senhor Di Marco olhou apreensivamente para Ryland por um momento, ele tinha olhos castanhos sábios, como os que se encontrava em avós e gente idosa.

– Provavelmente pelo estresse, Alteza. Disse que desmaiou recentemente, certo? Eu sei, vi no jornal e sei muito bem o porquê. Acabou de levar um tiro, senhor, é normal que se sinta um pouco mais estressado nesses últimos dias. Gostaria que eu chamasse um psiquiatra? Temos um disponível, Alteza.

Ryland desviou o olhar do médio e ponderou a proposta. Já tinha ido no psicólogo antes, pouco depois que seu pai morrera, todos os seus irmãos foram, para lidar com o luto. Curiosamente sua mãe não, provavelmente a pessoa que mais precisava. Lembrava-se vagamente das sessões, chorou em algumas delas e, de certa forma, colocar tudo pra fora ajudou Ryland a se conformar com a situação, mas não fez a dor passar, nunca faria a dor passar, porque ela estava sempre lá, como um sombra o seguindo.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora