A Dama de Branco

563 48 82
                                    

Assim como nos últimos dias desde que tentaram assassina-la, Lynae tinha tido um pesadelo. Mas dessa vez, não foram com o homem que a queimou e nem com o que tentara matá-la, mas sim com a rainha. No sonho, Emilie abria sua porta sem tocar nela, arrancando-a das dobradiças, arrastava Lynae para fora da cama pelos tornozelos, até que a princesa caísse no chão. Em seguida, a rainha sorria e seus dentes eram afiados como os de tubarões, seus olhos eram negros também. Ela dizia alguma coisa que Lynae não conseguia entender, então, levantava uma arma que segurava e apontava para a testa da princesa, depois disparava.

Lynae acordou bruscamente, sentando-se no mesmo instante. Estava arfando com o camisola grudada em suas costas pelo suor. Ela respirou fundo, tentando se acalmar. Instintivamente olhou para o sofá, que ficava a metros da cama, mas ele estava vazio. Obviamente Ryland não dormira mais ali desde a briga que tiveram.

Ela jogou o corpo de volta na cama, mas sabia que não conseguiria mais dormir. Então, Lynae se levantou e pegou um robe em seu closet, saindo do quarto, em seguida.

Queria andar nos jardins, sentindo a brisa fresca acariciando sua face. Mesmo que estivesse acostumada com o frio intenso de Snöland, suas pernas expostas se arrepiaram diante do clima ameno matutino. O céu já estava mais claro, precedendo o nascer do sol que não demoraria muito para acontecer. Estava muito cedo e ela deveria estar dormindo.

Foi quando ouviu uma risada.

Ela seguiu o som, acompanhando uma parede de pedras do castelo, ao fim dela, Lynae se virou, mas congelou no lugar com o que viu. Automaticamente, ela deu um passo atrás deixando que a parede a escondesse novamente, mas se inclinou para frente para que pudesse olhar melhor.

Charlotte estava apoiada contra a parede do castelo, com os braços atrás do corpo. Ela usava um fino vestido branco, quase transparente, tomara-que-caia que, na posição em que Charlotte estava, fazia seus peitos quase saltarem para fora. Seus lábios pintados de vermelho estavam esticados em um sorriso. Os cabelos castanhos enrolados caiam em ondas sobre o ombro dela, estavam ligeiramente desarrumados e armados, mas de um jeito charmoso e não desleixado.

Em frente a ela estava Mitchell com as mãos no bolso da calça social. Ele também sorria pra ela. Estava tão perto que, se fosse três centímetros mais pra frente, todo o seu corpo se encostaria no de Charlotte.

Lynae ficou se perguntando o que diabos eles estavam fazendo ali tão cedo. Mas, parando para reparar melhor neles, no jeito como o cabelo de Charlotte estava desarrumado e, em Mitchell que estava sem o paletó e a gravata, ela pensou que na verdade eles nem deveriam ter dormido.

Foi então que Mitchell apoiou a mão ao lado da cabeça de Charlotte, inclinando-se para frente, mais para perto dela. Charlotte inclinou a cabeça para o lado no exato momento em que Mitchell a beijou. As mãos de Charlotte deslizaram pelo abdômen dele, até seu peito, subindo para sua nuca. A mão do príncipe que não se apoiava na parede, agarrara a cintura da mulher, trazendo-a contra si.

O estômago de Lynae se revirou ao olhar para aquilo. Podia sentir seu coração pulsando em sua garganta e, teve que tapar sua boca para não deixar escapar uma exclamação de surpresa. Rapidamente ela se afastou e pressionou suas costas contra a parede fria, sentindo sua frequência cardíaca aumentada.

Sentia como se tivesse algo pesado comprimindo seu peito, tornando difícil respirar.

Lynae se virou e refez seu caminho, querendo voltar direto para o seu quarto. De repente, não queria mais caminhar e sim, afundar-se debaixo de suas cobertas.


Ryland tinha ficado deitado em sua cama de barriga pra cima com as mãos apoiadas em seu abdômen a noite toda. Podia sentir elas subindo e descendo junto com sua respiração. Não conseguia dormir.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora