Assinatura à Lápis

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Mitchell estava sentado em uma cadeira de praia postada para ele nos cascalhos que precediam o mar. Charlotte estava logo ao seu lado, esticada em uma espreguiçadeira. Ela estava usando apenas um biquíni azul que deixava a mostra as suas curvas.

O príncipe não estava no clima para curtir praia, mas onde estava era longe o suficiente para que Mitch ficasse de fora quando o castelo ruísse.

De manhã, Ryland recebera uma mensagem do jornal, a rainha e Mitchell ficaram sabendo, mas, como já era previsível, Emilie deixou que Ry cuidasse disso por conta própria.

Mas, mesmo que Ryland fosse magnifico em sua explicação, não aplacaria a ira de Lars, que com certeza ficaria furioso ao descobrir, se é que já não descobrira. E Lynae. Ela teria outro surto, ou descontaria toda sua raiva em cima do príncipe regente.

Mitchell não via outra saída, senão fazer Snöland esperar. Racionar a comida de seu próprio povo, seria a mesma coisa que sentenciar seu reinado, mesmo antes de ele acontecer. A aliança com um país inimigo, mesmo que decretasse a paz irrevogável entre eles, já fora uma aposta arriscada. Era como andar em vidro. Qualquer movimento brusco, qualquer deslize, poderia fazer tudo estilhaçar. E, privar alimento de sua nação para beneficiar aquele que fora inimiga, não era a melhor das ideias.

Era fácil fazer isso quando a decisão favorecia sua própria nação. A Grã-Francia perdeu seus grãos, suas carnes, mas no fim das contas, tudo isso teria sido "perdido" de qualquer forma quando fosse para o reino nórdico. A Grã-Francia ainda tinha os seus soldados. Mas e se sua nação fosse Snöland? Ficariam sem seus soldados e sem seu alimento. E uma aliança não era unilateral.

– Só você mesmo pra ficar com essa cara em uma praia com esse sol lindo, Mitch – disse Charlotte.

Mitchell não reparara, mas estava com seu cenho franzido e um semblante muito sério. Embora estivesse na praia, em frente ao mar, ainda vestia seu terno. Estava calor, mas a brisa marítima impedia que ele sufocasse em suas roupas quentes.

– Desculpe, Char. Muita coisa está acontecendo.

Charlotte se virou na espreguiçadeira para ficar de frente para Mitch. Seu corpo bronzeado parecia brilhar a luz solar e seus olhos azuis elétricos cravaram nele como raios. Ela esticou o braço na direção dele e apoiou a mão em seu joelho, afagando-o de leve.

– É sobre a princesa?

O coração de Mitchell quase parou de bater naquele instante. Ele arregalou os olhos, encarando-a. Charlotte sempre fora muito perspicaz, era esperta e percebia as coisas. Mas Mitch tinha quase certeza de que absolutamente nada que ele fizera no corredor com Lynae na presença de Charlotte fora comprometedor.

– O que tem a princesa?

– Ora, Mitch. Você sabe. – ela revirou os olhos – Tentaram matar ela. Deve ser difícil lidar com isso, não só pra ela, mas pra vocês também. Quer dizer, foi dentro do castelo, vocês devem estar se sentindo inseguros.

Mitchell soltou o ar que nem sabia que estava segurando.

– Ah, isso – ele reprimiu o sorriso de alivio que teimava em lhe esticar os lábios, porque era extremamente inapropriado devido ao assunto sendo tratado – É, está sendo muito difícil. Ryland está vetando todas as atividades de Lynae até que ela vá ao psicólogo. Pode imaginar como o clima está entre eles.

– Por isso ela não está participando das reuniões? – Charlotte soltou um risinho de divertimento – Achei que Ryland fosse só outro machista, trancando sua princesa em uma torre de mármore. Mas é só preocupação? Que fofo da parte dele.

Mitch torceu o nariz.

– Eu não diria que é fofo.

– Sabe, Mitch – Charlotte praticamente ronronou ao falar o apelido do príncipe – Você deveria falar para a Lynae sobre sua experiência no psicólogo. Se me lembro bem, sua mãe também te obrigou a ir. Te curou. Agora você não é mais um ninfomaníaco. – ela provocou.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora