O Sangue Real

455 44 2
                                    

Lynae tremia, enquanto olhava para suas mãos ensanguentadas. Podia sentir todos os lugares onde o sangue secara em sua pele. O cheiro férreo preenchia suas narinas dilatadas.

Ele não morreu, não morreu, não pode ter morrido, isso não pode ter acontecido.

Ela afundou o rosto nas mãos, enquanto suas lágrimas quentes se derramavam sobre sua palma. As lágrimas umedeciam o sangue seco, tornando o cheiro ainda mais insuportável.

A princesa se recostou novamente no assento e respirou fundo.

Podia visualizar o ocorrido como se estivesse revivendo-o naquele exato segundo.

Ouvia o tiro, depois era agarrada, então sentia o sangue escorrendo por sua pele. O sangue que não era seu. Então, sentia os braços ao seu redor se afrouxando e o som pesado de um homem caindo de joelhos. Quando se virou, com horror, percebeu que o homem era Ryland, com a frente de suas roupas se tingindo mais e mais de sangue a cada segundo.

Antes que Lynae pudesse se aproximar de Ryland, ela ouviu uma serie de disparos e o som dos gritos da multidão inundou o local, junto com os gritos de comando dos soldados disparando.

Então, alguém agarrou a sua cintura e a arrastou para longe de Ryland, para longe do palanque. Ela se debateu, deu cotovelas e chutes pra trás, para se soltar, mas os braços pareciam feitos de aço, assim como a vontade daquele homem.

– Me larga! Ryland! Ryland! Por favor...

Ela olhou furiosa por cima do ombro e viu Axel a segurando, sendo escoltado pelos demais guardas snöleses, que a essa altura estavam empunhando suas armas, olhando atentamente para os lados.

– Está ferida, Alteza? – Axel perguntou, preocupado, a mandíbula travada.

– Não! Me solta! Ryland! – ela gritou à plenos pulmões – Eu ordeno que me solte. Ryland!

Já estavam atrás do palanque, em direção ao carro, quando Axel a colocou no chão e agarrou seus braços, chacoalhando-a bruscamente uma vez.

– Pare, Alteza! Não faça isso. Não há nada que você possa fazer por ele – Seus olhos azuis claros, agora estavam frios como o Polo Norte. – Eu tenho o dever de te proteger. Já falhei uma vez e não falharei novamente. Vou carrega-la se for necessário.

Ela o encarou com os olhos muito arregalados e sabia que ele falava sério.

Agora, estava no carro, indo de volta para o castelo e rezando, não para um deus, mas para literalmente qualquer coisa, para que Ryland estivesse vivo.

O carro parou, de repente, e Lynae percebeu que já estava parado em frente à entrada do castelo.


Jonathan estava o mais fora de vista possível no hall do entrada, perto de uma mesa de madeira com pernas banhadas a ouro, enfeitada com três vasos chineses de tamanhos e formas diferentes. Estava próximo as escadas que levavam ao andar de cima, à poucos metros do altar, três degraus acima do chão, que levava aos tronos da rainha e do falecido rei consorte. O trono que ele tanto cobiçava.

Dali de trás, Jonathan podia ver a rainha, parada feito uma estátua no centro do hall, bem embaixo do imenso candelabro de ouro e cristal que majestosamente ocupava o teto. Emilie estava de braços cruzados, ainda mais rígida do que o normal, o rosto era uma máscara gélida. Quem visse de fora poderia até dizer que ela não estava preocupada, se não fosse o fato de ela estar enterrando os dedos na carne de seu braço.

Seu filho poderia estar morto à essa altura e ela sabia disso.

Mitchell também estava ali, mais perto das grandes portas de entrada, que estavam escancaradas no momento, dando para a escadaria da frente e para a visão da fonte. Ele andava de um lado para o outro, inquieto como um animal selvagem aprisionado. Embora Mitch fosse uma pessoa forte e controlada, estava à beira das lágrimas.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora