Cada Vez Mais Frio

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Mitchell já estava a mais de uma hora procurando Ryland pelo castelo. Aparentemente nenhum dos funcionários sabia onde ele estava e sempre davam sugestões óbvias, como para procurar no escritório dele, nos jardins, na praia.

Sua mãe ficara furiosa quando Ryland não aparecera para a reunião. Sobretudo porque essa seria a primeira em que Lynae participaria como membro oficial. Mas nenhum dos dois aparecera. Então, Emilie agarrara seu braço e rosnara em seu ouvido:

– Se esses dois estiverem em um lugar qualquer transando, eu juro que mato seu irmão. Vai agora atrás dele e da snölesa e arraste-os até aqui.

Mitchell, obviamente, não chegou a comentar o quanto encontrar seu irmão na cama com Lynae o deixaria infeliz. Só de pensar na possibilidade o estômago dele se revirava na cavidade.

Faltava apenas olhar no quarto de Ryland. Mas isso deixava Mitch ansioso e nervoso. Não sabia se conseguiria disfarçar seu desconforto se visse a cena que sua mãe descrevera. Ele era bom em mentir e atuar, mas não tão bom assim. Não quando se tratava de Lynae.

Suas pernas se moviam lenta e pesadamente, enquanto ele marchava em direção ao quarto de Ryland. Porém, enquanto caminha por um dos corredores da ala oeste do castelo, viu os guardas de seu irmão parados no meio do corredor, alguns de braços cruzados e todos com expressões entediadas. Mitchell foi direto até eles, franzindo o cenho.

– O que fazem aqui? Não deveriam estar com Ryland?

– Estamos, Alteza – disse quem provavelmente era o comandante – O príncipe está ai – Ele apontou para a porta que estava logo a sua frente.

Mitchell olhou, confuso, para aquela porta. Não conhecia todas as salas do castelo, mas não conseguia imaginar o que Ryland estaria fazendo ali, que era um dos lugares mobilhadas para ficar aconchegante e elegante, mas que nunca era usado. Oliver costumava chama-las de salas fantasmas. É um ótimo lugar para ler e jogar em paz, ele dizia.

Um frio congelante passou por sua espinha o fazendo estremecer. Ele se voltou novamente para o guarda.

– Ele está com alguém?

– Não, senhor – respondeu o guarda – Sozinho. Ouvimos barulho de vidro quebrando.

O coração de Mitchell deu uma cambalhota em seu peito. Vidro? Automaticamente sua mente paternalista começou a pensar em mais de cem coisas horríveis que podiam ter acontecido ali com vidro quebrado. Tudo que ele conseguia imaginar era Ryland sangrando. Ele pisou forte no chão indo até o guarda, erguendo o queixo.

– E você não pensou em entrar lá e ver o que está acontecendo?

– Foi o próprio Ryland que exigiu que ficássemos aqui fora, aconteça o que acontecer. – falou um soldado que não podia ter mais que vinte e cinco anos. Tinha uma expressão ansiosa no rosto, como se Mitchell o amedrontasse. Era engraçado, se parasse pra pensar, que era ele quem estava armado.

– Até perguntamos se ele estava bem. Mas ele apenas nos mandou calar a boca – acrescentou o comandante da guarda de Ryland.

– Carregava uma garrafa de whisky também – disse outro guarda, com o rosto quase todo coberto por uma barba negra como seus olhos.

Ah, não, pensou Mitch, whisky não.

– Certo. Obrigado. – Mitchell deu as costas para eles e abriu a porta, entrando, em seguida.

Seus olhos vagaram freneticamente pela sala, procurando por seu irmão desesperadamente para saber se estava bem. Assim que o viu, largado no chão, sem nenhuma poça de sangue ao seu redor, Mitchell suspirou de alívio.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora