chapter 8 ✔

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Duas semanas depois

Durante duas semanas, tive que viver os meus dias trancada dentro de casa, como uma prisioneira. Meus pais e meu melhor amigo eram a minha única companhia, e quando não estavam em casa, era consumida por um sentimento de solidão absurdo. Eles queriam me manter protegida, e eu entendia, mas eu precisava sair nem que fosse para passear na rua.

Jungkook os avisou de uma movimentação estranha perto da casa, que Taehyung havia mandado um bilhete ameaçador, deixado em seu carro enquanto estava no condomínio. Isso foi o suficiente para que os pais ficassem paranoicos, a ponto de deixar todas as portas e janelas fechadas, mesmo quando estávamos com policiais do lado de fora.

Cerca de quatro dias depois desse ocorrido, recebi um e-mail do diretor da emissora. Mesmo contra a minha vontade, havia ganhado quatro semanas de férias, para que eu pudesse me recuperar mentalmente e esperar o meu nome se apagar nos jornais. Em dias comuns, estaria radiante em saber que teria semanas para descansar do trabalho, podendo viajar e visitar lugares novos, provar comidas diferentes e frequentar festas.

Entretanto, sendo procurada por um criminoso perigoso, nenhum desses planos poderiam ser cumpridos, e eu aproveitaria essas semanas trancada em minha nova casa, escutando as mesmas histórias antigas dos meus pais. Eu os amava, adorava os ter como companhia, mas a forma como ambos vem me tratando, como se eu fosse uma criança em perigo, era extremamente irritante, deixando-me exausta.

Implorava todos os dias para que Jungkook nos visitasse, contar alguma novidade que pudesse acalmar os meus pais, mudar um pouco a forma como estão lidando com esse perigo. Porém, o delegado sumiu. Se comunicava com os pais apenas por telefone, e sempre evitava perguntar sobre mim, nem se mostrava preocupado com o meu bem estar.

Era outro Jungkook.

Ele havia voltado a ser o mesmo Jungkook que me interrogou na delegacia. Pelo menos, se preocupou em cumprir com os pedidos que Jones havia feito, e assim pude começar a fazer terapia virtual, com um profissional qualificado. No começo, não conseguia me expressar corretamente para o terapeuta, o que nos fazia ficar em silêncio por longos minutos.

O homem passou a usar diversas táticas para ganhar a minha confiança, sabendo que eu contaria tudo quando me sentisse confortável conversando com ele. Os dias se passaram, e quando finalmente contei tudo que havia acontecido, sobre as alucinações e pesadelos estranhos que vinha tendo, o terapeuta me ajudou a entender o motivo disso acontecer e me receitou remédios para dormir, que evitariam pesadelos e eventuais alucinações.

Estava funcionando.

Na maior parte do meu dia, permanecia dormindo. Os remédios eram fortes, me apagavam poucos minutos após tomá-los. Minha mãe não achava necessário recorrer ao uso de drogas para me afastar dos problemas, mas prefiro confiar na opinião de um profissional.

Hoje, havia acordado com muita tontura. Era comum ter algumas reações ao remédio, e por isso o meu terapeuta recomendou evitar o uso dos medicamentos por alguns dias, para entender se esse sintoma estava sendo causado pelos remédios. Desço as escadas, com passos lentos e preguiçosos, por ainda estar sonolenta e um pouco fraca.

Havia acordado a cerca de duas horas, tive a ajuda da minha mãe para tomar banho e me arrumar, desejando passar o restante do dia em minha cama, mas, por recomendações do meu terapeuta, eu precisava sair do quarto e socializar com minha família. Assim que chego na sala de estar, deixo que meu corpo despenque no sofá branco, sentindo meu dorso ser encolhido pelo acolchoado macio.

— Seu terapeuta pediu que não se deitasse hoje — Senhora Kwon comentou, saindo da cozinha e trazendo consigo uma tigela de porcelana rosada.

— Eu não estou deitada, senhora — A olho — Estou apenas sentada, de uma maneira mais confortável — A mais velha riu, aproximando-se do sofá — E eu estou com o corpo fraco.

BLOOD SAMPLE | JK + Tae + S/NOnde histórias criam vida. Descubra agora