BLOOD SAMPLE | JK + Tae + S/N

chapter 19 ✔

Jeon Jungkook

Estava parado, em frente à porta da casa dos pais da S/N, com o coração pesando no peito como se uma tonelada estivesse me esmagando. O vento frio cortava minha pele, mas eu mal o sentia. Meus olhos estavam fixos na porta, a qual se abriu lentamente, revelando o pai dela com uma expressão grave. Ele parecia cansado.

Cansado de tudo, e talvez cansado de mim.

Por um momento, ficamos apenas nos entreolhando. O silêncio era esmagador, e eu podia sentir seu olhar pesado sobre mim, como se ele soubesse o que eu estava prestes a dizer. Eu queria falar, mas as palavras se prendiam na minha garganta, um nó que parecia sufocar qualquer tentativa de explicação. Então, respiro fundo, sentindo o peso da culpa crescer dentro de mim. Sabia que não tinha desculpas. Sabia que nada do que dissesse apagaria o que aconteceu, ou os faria sofrer menos do que estavam.

— Foi minha culpa — Sussurro, sem conseguir encarar seus olhos por muito tempo.

O pai dela franziu o cenho, cruzando os braços, esperando mais.

— Como assim, sua culpa? — Ele perguntou, com a voz dura e cheia de raiva contida. — O que aconteceu?

Meus punhos se apertaram ao lado do corpo, e o suor frio escorria pelas minhas palmas. Minha cabeça girava, mas eu sabia que precisava admitir. Sabia que era o único culpado.

— Eu a deixei voltar sozinha. Tivemos um pequeno desentendimento no caminho, e eu achei que seria melhor se ela voltasse sozinha para casa. Não estava presente para manter a proteção que havia prometido — Minha voz falhou, o nó na garganta apertando ainda mais. — Agora ela foi levada de novo, por minha causa.

O silêncio que se seguiu foi quase insuportável. Eu podia sentir o olhar dele atravessando meu corpo, como uma lâmina de decepção e amargura. Quando finalmente olho para ele, observo a decepção clara em seu rosto. Ele tinha todo o direito de estar decepcionado, eu havia ignorado completamente os riscos por uma infantilidade momentânea. Observo os ombros dele caírem, e o olhar que antes carregava esperança, agora estava vazio.

— Você sabe o quanto minha filha significa para mim, Jungkook — Ele disse, com sua voz baixa, mas cada palavra era um golpe direto. — Confiamos em você para protegê-la. Confiamos que você cuidaria dela, que a manteria segura. Mas você... — Ele balançou a cabeça, os lábios se apertando com amargura. — Você a deixou sozinha. E agora ela está nas mãos daquele criminoso maldito novamente.

Aquilo me destruiu. Escutar aquelas palavras saindo de sua boca, a confirmação de que eu havia falhado não somente com a S/N, mas com ele, com a esposa dele, e com a confiança que eles depositaram em mim, era mais do que eu podia suportar. A culpa pesava em meus ombros como correntes invisíveis, arrastando-me para um abismo escuro de arrependimentos. Os nós em meu estômago apertavam-se com mais força a cada pensamento que se infiltrava em minha mente, um turbilhão de recordações malditas.

Me lembrava nitidamente dos olhares vazios e dilacerados dos pais, aqueles que depositaram suas últimas esperanças em mim, que suplicaram por um milagre quando fiz promessas de trazer suas filhas de volta. Promessas que, inúmeras vezes, acabaram sendo mentiras desfeitas pela realidade brutal. Inúmeras vezes fui forçado a encarar a devastação silenciosa daqueles pais quando, ao invés de um abraço de reencontro, trazia apenas notícias frias e duras, carregadas de luto. A minha mente viajava pelas memórias, como uma correnteza que arrastava-me sem controle.

S/N não era apenas mais um caso. Ela é especial. Eu não sabia exatamente quando aquilo havia mudado, quando ela se tornou algo mais do que uma vítima a ser resgatada. Talvez tenha sido no jeito como ela sorria timidamente quando me via, ou na força interior que ela sempre demonstrava, mesmo após tudo o que havia sofrido. Eu me importava com ela de uma forma que nunca havia me permitido antes. E agora, eu havia permitido que ela caísse nas mesmas mãos que tantas outras antes dela. Como pude ser tão negligente?