chapter 32

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O ar gélido das montanhas me envolve como um manto, afiado e cortante, enquanto caminho sem rumo pelas trilhas cobertas de neve do resort. Meus passos ecoam solitários sobre a camada de gelo, acompanhados apenas pelo som sutil de minha respiração que agora mal passa de um sussurro. Abraço meu próprio corpo, tentando aquecer-me contra o frio implacável, mas a sensação de vazio e desamparo somente cresce em meu peito.

As revelações de hoje explodem em minha mente com a intensidade de uma tempestade, cada detalhe cru e impiedoso. O filho de Eliza. Aquele bebê que me olhou com olhos tão familiares. Os traços que me atormentam pela semelhança com Taehyung.

Aquela criança. O seu filho. A verdade tem um peso devastador que se aloja fundo em minha alma, apertando meu coração até me faltar o ar. O que Taehyung me disse, suas promessas, suas palavras carregadas de juras eram reais? Ou fui apenas um instrumento, uma peça descartável para satisfazer um desejo sombrio, uma ambição impiedosa?

Os flocos de neve dançam ao redor, envolvendo tudo em um véu branco e silencioso, transformando o resort em um lugar ao mesmo tempo encantador e sufocante. Em meio ao desespero que me invade, sinto um calafrio diferente. Meus passos hesitam. Alguém está atrás de mim. Tão sutil quanto a sombra de uma memória, mas não há como negar.

Respiro fundo, os músculos tensos de expectativa, o coração batendo como um tambor na escuridão. Permaneço caminhando, a sensação de estar sendo seguida apenas crescia, e eu lutava contra o desejo de correr, até que o som de passos se aproxima o suficiente para eu me virar assustada. Meus olhos encontram o rosto familiar e impenetrável de Seokjin.

— Seokjin? — Minha voz saiu embargada, surpresa.

— Jin, senhorita. Não precisa me tratar com tamanha formalidade — Ele responde, com sua habitual formalidade e uma reverência sutil. Era estranho vê-lo longe de Taehyung, ainda mais por ele ser o braço direito do homem. Eram quase inseparáveis.

— Por que está me seguindo? — Encaro-o, a desconfiança evidente em meu olhar. Tento ler algo em sua expressão, mas ele, como sempre, é indecifrável, assim como Taehyung. Alto e imponente, sua presença é uma lembrança constante da vida de seu chefe, da máfia, e de todo o mundo sombrio que agora me envolve — Não deveria estar com Taehyung?

— Recebi ordens para protegê-la. Meu chefe me designou pessoalmente para cuidar de sua segurança e da segurança do herdeiro dele — Comentou, com um tom sério, mas que me gerou um humor ácido. Uma risada amarga escapa dos meus lábios, quebrando o silêncio denso da noite. Dou um passo para trás, abraçando meu corpo novamente.

— Herdeiro? — Minha voz saiu carregada de sarcasmo e ironia — Acho que ele tem outro herdeiro agora, não? O meu filho talvez não tenha tanta importância assim.

Olho ao meu redor, encontrando um banco de madeira próximo. Estava coberto com uma neve pesada, cobrindo toda a madeira escura. Aproximo-me do banco, empurrando a neve para o chão e deixando o banco livre. Eu me sento, exausta demais para seguir em frente. Seokjin me observa em silêncio, sua expressão carregada de algo que não sei interpretar. Ele se aproxima, em passos lentos e silenciosos. Ele se senta ao meu lado no banco, e os seus olhos encontraram os meus com uma intensidade fria, quase impiedosa.

— O único herdeiro que meu chefe reconhece é o que a senhora carrega em seu ventre — Ele afirma, com a sua voz grave e implacável, quase como se estivesse tentando me fazer entender algo que se recusa a sair de sua boca — Esse é o que importa para Taehyung.

Minhas palavras ficam retidas em minha garganta enquanto o encaro. O que ele quer dizer com isso? Minha mente corre, tentando processar, mas meus pensamentos se emaranham na dor, na raiva e no cansaço. O frio é tão intenso que começo a tremer, sentindo as pontas dos dedos perderem a sensibilidade. Seokjin percebe o meu incômodo com o clima gélido e, em um movimento inesperado, retira o casaco grosso de neve que vestia.

BLOOD SAMPLE | JK + Tae + S/NOnde histórias criam vida. Descubra agora