Capitulo 7

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-Está bem. — falei sorrindo. Ele confiava em mim, essa era nova. Com toda a coragem comecei a pedalar e ele seguia meu ritmo, sentia a mão firme dele me encorajando e equilibrando enquanto pedalava ao meu lado, deduzi que  devia está fazendo um grande esforço para equilibrar nós dois e tentei parecer segura enquanto pedalava e com uma felicidade chegamos a tal arvore e demos a volta com mais facilidade parando no mesmo lugar. Eu dei um grito de felicidade e ele desceu rapidamente me abraçando. Foi a sensação mais incrível que eu já senti, liberdade, aconchegou, proteção, confiança.

-Eu sabia que você ia consegui sua medrosa. — disse beijando meu rosto entre risos. 

-Isso foi muito divertido. — falei. Devolvemos as bicicletas e caminhamos de mãos dadas até a mesma arvore e nos sentamos, outros casais ocupavam cantos discretos fazendo piqueniques e namorando. Eu sentei encostando no tronco, de frente para o parque e Diego se sentou de frente a mim, com os braços em minhas pernas e de costas para o mesmo.

-Cansada? — perguntou retirando minha franja dos olhos.

-Não. — falei sorrindo. Me lembrei da flor que ele me deu e num impulso o beijei de surpresa. 

-O que foi isso? — perguntou colando a testa na minha quando me afastei.

-Estou agradecendo o bilhete e a flor. — falei alisando seu rosto. Ele ficou envergonhado e baixou a cabeça.

-Hum, pode me agradecer de novo? — pediu e eu voltei a beija-lo. Era natural estar assim com o ele, embora eu mal o conhecesse me sentia bem, segura.

-Qual o outro motivo pra você ser oftalmologista? — perguntei lembrando que ele tinha me contado apenas um dos motivos. Ele pareceu considerar a resposta.

-Não é obvio? —perguntou colocando o queixo no meu joelho. —Você deve ter notado que meus olhos são negros, não possui iris.

-Notei. Eu nunca vi olhos assim são lindos. — falei tocando-o no rosto e ele sorriu.

-Só que não são normais. — falou se consertando. —Eu tenho Aniridia. É uma desordem congênita que afeta o desenvolvimento do olho e no meu caso provocou a falta total da iris.

-Total? — realmente não estava entendendo nada.

-Algumas pessoas com a mesma doença possuem uma especie de mancha nos olhos, no meu caso foi total então ele é todo negro. Essa explicação ficou mais fácil? — perguntou com um sorriso de lado, mas parecia triste.

-Ficou, mas vou fazer uma pesquisa pra entender melhor. Deixa eu ver? — pedi retirando seu óculos e chegando bem perto segurando seu rosto nas mãos. Ele mantinha os olhos no meu rosto enquanto eu o analisava. Era lindo. Parecia insano se sentir segura dentro da escuridão, mas quando olhava nos olhos dele eu não me perdia, me achava. Tracei com o dedo o contorno de sua sobrancelha e pálpebra e ele fechou os olhos, quando meus dedos passaram por seus cílios ele voltou a abrir e eu sorri. —Não vejo como uma doença. É difícil encontrar alguma coisa rara nas pessoas e os seus olhos... São profundos e intensos, me fazem sentir calma e protegida. — falei e ele respirou fundo e sorriu me beijando com uma delicadeza como se tivesse medo de me quebrar. Ficamos ali um fazendo carinho no outro por muito tempo até ele interromper o beijo e se deitar no meu colo.

-Posso me acostumar com isso. — falou fechando os olhos quando eu comecei a fazer cafuné em seus cabelos.

-Acho melhor não se acostumar. — alertei fazendo-o rir.

-O que você faz em dias normais? Como é a sua rotina? — perguntou cruzando os braços. Não gostava de falar de mim nem da minha vida. sempre a achei muito sem graça.

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