Tudo mudou...

Capitulo 14

Ficamos ali parados um nos braços do outro enquanto a bagunça na casa era pouco abafada pelo vai e vem das águas e o som do vento. Ouvi alguém gritar que faltava dez minutos para a queima de fogos e todos vieram para o lado de fora da casa. Como estávamos um pouco distantes era como se olhássemos de uma janela. –Estão fazendo a contagem. Quer voltar?

-Você quer? – perguntei olhando em seus olhos. Ele alisou meu rosto e deu um sorriso de lado.

-Eu quero ficar com você. – disse descendo o rosto de encontro o meu. Ele fez isso tão devagar e me beijou com tanto carinho que eu senti meu corpo formigar. Na hora que nossos lábios se tocaram os fogos anunciaram o novo ano, mas continuamos ali focados na maciez dos nossos lábios e no atrito quente das nossas linguás. Enquanto todo mundo se cumprimentava com abraços e promessas eu só queria continuar ali. Pra sempre... Ele se afastou e me olhou. Seus olhos brilhavam com as luzes dos fogos. Me beijou na testa e me virou, me abraçando por trás e me fazendo vê o espetáculo no céu.

-Que lindo. – falei extasiada com a visão e a sensação.

-Não consigo imaginar uma virada de ano melhor. – ele disse e eu o olhei sobre o ombro procurando saber se dizia da festa em si ou do momento que estávamos tendo, mas não consegui identificar nada e também não perguntaria.

-Nem eu. – falei, mas eu falava dele. Ficamos ali até toda a novidade da entrada do ano passar e todos irem curtir a festa. A noite estava agradável, mas eu já não tinha mais vontade de estar lá dentro então continuei sentada na areia entre os braços de Diego, que brincava com a minha mão direita.

-Você estaria aqui se soubesse que eu estaria? – perguntou entrelaçando e desentrelaçando nossas mãos.

-Provavelmente não... - falei com sinceridade me virando para vê-lo. –Mas me arrependeria muito se não tivesse.

-Porque você sempre se afasta? – perguntou serio e eu não respondi. –Quando passamos um tempo juntos eu penso que finalmente vamos começar a caminhar, mas quando voltamos a nos ver é como se tivesse que voltar a estaca zero... Sempre e sempre Luize, isso cansa.

-Eu... eu não... não faço por mal. – murmurei e ele sorriu.

-Eu sei. O pior é que eu sei. – suspirou e eu me sentei de lado em seus braços.

-E porque você volta? – perguntei ansiosa por essa resposta. –Eu faço isso quase sem notar, é natural e os outros sempre desistiram, nem tentaram, mas você sempre aparece de novo... mesmo quando passa dias e penso que você se cansou você acaba voltando e tentando de novo. Porquê?

-As vezes me faço a mesma pergunta. – falou tocando meu rosto. –Mas sempre que olho para você é como se algo me atraísse.  

-Isso quer dizer que eu não vou consegui afastar você? – perguntei deitando minha cabeça em seu ombro. Ele entrelaçou minha mão direita com a sua esquerda e beijou os dedos.

-Não se eu consegui evitar. – afirmou alisando meus cabelos. Ficamos ali, cada um perdido em seus pensamentos. Eu não queria mais fugir e parece que ele não ia deixar isso acontecer. Sentia vontade de perguntar o que eramos já que nenhum conseguia ficar longe, mas faltava coragem. Fechei meus olhos e fiquei quieta em seus braços. 

-Finalmente eu te achei. – Juliana falou se aproximando. 

-O que foi? – Perguntei sem sair de onde estava.

-Você vai dormir agora? – perguntou enfiando o pé na areia, parecia nervosa.

-Porquê? – quis saber. Ela olhou pra mim um tempo e depois para Diego e suspirou.