Capítulo 27

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Quando acordamos de um sonho parece que estamos aterrissando suavemente de paraquedas com a sensação gostosa de leveza e conforto ou pulando de um prédio alto e caindo descontroladamente para um buraco estreito e sem fundo. Eu estava deitada ainda de olhos fechados com as duas sensações martelando em meu peito e a cabeça latejando. No fundo da minha mente eu ouvia a voz do Diego me dizendo que estava com saudades, que me amava e estaria sempre ao meu lado mesmo que parecesse que não. Não sei explicar, mas senti o seu toque em minhas mãos e seus lábios nos meus e depois o silêncio. Um silêncio profundo interrompido algumas vezes pelo som constante dos aparelhos ligados a mim. Eu estava viva e me sentia cansada como se tivesse passado os últimos dias lutando uma batalha interna. Abri meus olhos com dificuldade e tentei focar em alguma coisa, mas o branco tomava conta de quase tudo, não demorou muito para o quarto ser invadido por médicos e enfermeiros. Os vi rodando em minha volta, checando meu pulso, olhando os aparelhos como se duvidassem que realmente acordei e estava viva.

-O que aconteceu? – perguntei com a voz estranhamente enferrujada como se não a usasse a anos.

-Você sabe seu nome? – um senhor idoso se aproximou e perguntou.

-Luize, Luize Monteiro. – murmurei e ele concordou com a cabeça.

-Está sentindo alguma dor? - perguntou olhando rapidamente o monitor.

-Estou com fome. – falei sentindo minha barriga roncar e todos na sala riram.

-Claro, mandaremos providenciar algo para alimenta-la. – falou amável. Todos continuaram o que estavam fazendo e um a um foram saindo até eu está totalmente sozinha de novo.

-Minha filha... – ouvi minha mãe chamar vindo até mim e me abraçando. A olhei e franzi a testa, seus cabelos pareciam mais curtos quando a vi ontem.

-Estou bem mãe. – afirmei num sussurro, minha voz ainda estava estranha.

-Pedimos tanto a Deus. – falou chorosa.

-Então a garotinha do papai acordou. – meu pai entrou falando com um largo sorris. O olhei intrigada e meio feliz pela observação, nossa relação nunca foi de afeto extremo e por isso estranhei quando ele se aproximou e me abraçou forte. –Eu sabia que você conseguiria.

-Foi só um desmaio. – falei me ajeitando, mas não perdi o olhar que ambos trocaram.

-Como se sente filha? – minha mãe perguntou.

-Um pouco dolorida, mas bem. E com muita fome. – reclamei.

-Parece um milagre. – meu ai divagou e voltou a olhar pra mim.

-Suas amigas estão ai fora, você quer vê-las? – ele perguntou e eu sorri, claro que queria ver as meninas parecia que não as via a anos.

-Quero sim, por favor. – pedi feliz.

-O medico disse para não cansarmos muito você então elas não poderão ficar muito tempo. – avisou saindo com a minha mãe depois de me dá um beijo na testa. Não demorou muito para a Camila, a Tami, a Daniela, a Bruna e a Anna entrarem sorrindo.

-Que saudade. – Dani falou passando na frente das outras e me abraçando.

-Nunca mais faça a gente passar por um susto desses. – Tami pediu fingindo está seria.

-Tínhamos certeza que você melhoraria Luize. – Aninha falou segurando minha mão do lado direito.

-É, rezamos muito por isso. – Camila falou meio sem graça na cabeceira da cama.

-Estou tão feliz em vê-las. – falei com sinceridade.

-Felicidade é o que estamos sentindo agora. – Bruna afirmou.

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