Passei pelo caminho arborizado em soluços e parei em uma arvore já do lado de fora da propriedade. O que era aquele circo lá dentro? Meu Deus, como eu pude ser tão idiota? Como por um segundo sequer pude acreditar que ele fosse alguém descente, como fui idiota ao pensar em justificar o que ele fez, não tem justificativa.
-Luize. - Marcos chamou atrás de me e sequei minhas lagrimas antes de me virar. Eva estava com ele.
-Você sabia você sabia o que estava acontecendo aqui. - o acusei apontando o dedo.
-Eu achei que quando ele a visse mudaria... Desculpe-me Luize. - pediu passando a mão nos cabelos.
-Ize... - Eva suspirou me abraçando, mas a afastei.
-Preciso ir embora. - murmurei controlando a vontade de chorar.
-Você não pode ir assim. Vem comigo, por favor. - ela pediu me estendendo a mão.
-Para onde? - perguntei sem toca-la.
-Não pergunta, só vem.
-Vá com ela. - Marcos incentivou. Á segui até um carro vermelho e entrei sem pensar. Marcos conversou baixinho com ela enquanto eu me perguntava que droga eu estava fazendo ali. Quando ela seguiu eu fechei os olhos e deixei as lágrimas caírem em silêncio.
-Luize, eu sei que você está magoada, mas acredite o Diego...
-Não fale o nome dele. - gritei abrindo os olhos. Ela me olhou assustada e balançou a cabeça.
-Existe uma razão para as coisas serem como são. - justificou. Eu ia responder quando seu celular anunciou a entrada de uma mensagem, ela leu e desligou.
-Eu estou bem Eva. - suspirei cansada. Sabia que ela o defenderia, ela o amava e o perdoava mais que a própria irmã dele. Era inútil discutir. Me ajeitei no banco quando vi que estava entrando numa área residencial privada. -A onde está me levando?
-Por favor, confie em mim e não faça perguntas. - pediu parando o carro numa casa num estilo vitoriano. Ia dizer a ela que no momento eu não confiava em ninguém quando ela saltou e eu me obriguei a seguir. Entramos na casa e ela saiu acendendo todas as luzes. Era uma casa elegante, mas simples e pequena. Fui até uma pequena mesa na entrada e peguei um porta retrato.
-Você mora aqui. - falei vendo ela e Marcelo se beijando na fotografia.
-Sim. - concordou sorrindo. -Eu e ele completaremos três anos de casados amanhã e passaremos o feriado fora. Quero que me prometa Luize que não sairá daqui até segunda.
-Você está maluca? - perguntei devolvendo o objeto a mesa e dando um passo para trás.
-Não me pergunte nada, mas preciso que não saia daqui... Descanse, você passou por um estresse. - aconselhou apontando o quarto.
-Preciso ir embora Eva. - afirmei seria e ela me abraçou.
-Boa sorte. Vou está torcendo para dar tudo certo, mas se não der poupe a minha casa. - brincou com um sorriso ao se afastar. Não deu tempo de saber do que ela falava quando ela pegou a bolsa e saiu. Fiquei um pouco olhando a porta fechada e corri para abri-la, mas estava trancada.
-Eva... Deixe de brincadeira e abre essa porta. - gritei esmurrando a mesma. -Eva! - ouvi seu carro sair e me desesperei. Estava trancada ali. Corri cada cômodo a procura de uma saída e cai exausta no sofá. Não lembro quando dormir, nem quanto tempo se passaram, mas quando abri os olhos sabia que não estava sozinha. Senti cheiro de comida, camarão e minha barriga roncou me lembrando de que não tinha comido nada hoje. Caminhei até a cozinha, mas parei estática quando o vi.
-acordou! - exclamou me devorando com os olhos.
-O que faz aqui? - inquiri sentindo a raiva me consumir.
-Temos que conversar. - falou meigo.
-Eu definitivamente não tenho nada pra falar com você. - afirmei voltando pra sala e indo até a porta. Ainda estava trancada. -Abre isso aqui.
-Você queria conversar comigo. - falou calmo. Eu olhei para seu dedo, a aliança não estava.
-Eu quero que você fique longe de me. - gritei magoada. -Não deveria está com a sua noiva?
-Já a deixei em casa. - falou virando-se de costas. -Venha comer.
-Não estou com fome. - disse cruzando os braços como para me desmentir minha barriga roncou e ele me olhou sobre os ombros.
-Sua barriga estava roncando enquanto você dormia. - contou indo para a cozinha. Ouvi o barulho dos pratos sendo colocados na mesa e me amaldiçoei por ser tão fraca. Quando cheguei na porta ele abriu uma cadeira pra mim, mas rebelde me sentei em outra e o observei me servir. Gemi quando dei a primeira garfada e ele deu um leve sorriso de lado. -Estava com saudade desse som.
-O que você quer de me? - perguntei ignorando seu comentário e continuando comendo.
-Porque foi me procurar? - questionou me encarando.
-Foi um erro. - afirmei.
-Eu precisei dizer o que disse. - falou me observando comer.
-A errada fui eu por não seguir seu conselho. - ironizei lembrando-o da carta. -Mas porque eu seguiria se você não o fez...
-Não consegui me afastar. - lamentou terminando a comida e me encarando.
-Pois eu exijo que o faça. - gritei. -Eu quero esquecê-lo e não conseguirei com você aparecendo o tempo todo.
-Você quer me esquecer? - perguntou triste.
-Eu preciso.
-Não deixarei. - falou incisivo.
-Você está querendo me enlouquecer? - inquiri incrédula.
-Luize, eu preciso que você confie em me. - pediu juntando as duas mãos.
-Eu quero ir embora. - anunciei me levantando. Ele fez o mesmo.
-Você não sairá daqui... Todos pensam que viajei a negócio então teremos o feriado inteiro para nos entendermos. - esclareceu com o olhar duro.
-Não vou ficar aqui com você. - afirmei.
-Você não tem opção. - retrucou. -Pode ir dormir se quiser.
-Isso é loucura. - exclamei indo para a sala. A porta continuava trancada e eu não podia ficar três dias ali com ele. Ele tinha acabado de ficar noivo, por Deus! Fui para o único quarto da casa, mas hesitei e voltei para a sala. Estava exausta, com os olhos inchados de chorar e me sentindo uma idiota, precisava dormir.
-Pode dormir no quarto da Eva, ela não se importara. - Diego falou aparecendo.
-Eu quero ir pra minha casa. Porque está fazendo isso?
-Porque estou cansado. Eu não aguento mais Luize, não aguento mais ficar longe de você. - elucidou caminhando até mim.
-Fique longe. - pedi dando a volta. -Você não tem o direito de brincar comigo.
-Você acha que estou brincando? - perguntou se aproximando.
-Você está noivo. - falei em tom de acusação e ele parou.
-É, estou... - murmurou se jogando no sofá. Fiquei ali olhando-o por um momento e fui para o quarto. Tomei um banho rápido e ainda de toalha me deitei e me cobri, mas não consegui pegar no sono. Estava nessa luta quando Diego entrou e foi tomar banho. Senti a tensão do meu corpo na hora. Quando ele saiu minutos depois com uma toalha atada a cintura me ignorou e pegou duas colchas grandes e um travesseiro. Pensei que ele sairia, mas sem me olhar ele estendeu a colcha no chão e se deitou.
-O que está fazendo? - perguntei alarmada.
-Vou dormir. - disse calmo.
-E não pode dormir na sala?
-Não... Prefere que eu durma ai com você?
-Nunca. - retruquei trêmula e o ouvi rir. Rolei na cama, mas a ansiedade não me deixava pegar no sono. Sentia meus olhos ardendo e o cansaço me tomar, mas simplesmente não consegui.
-Você está bem? - perguntou com voz sonolenta.
-Sim. - respondi a contra gosto. Me virando na cama. Não vi quando ele levantou e estaquei quando suas mãos me puxaram para seu corpo. -O que está fazendo?
-Relaxe, não vou fazer nada, só quero que durma. - falou rouco. Meus sentidos estavam aflorados e conseguia sentir o cheiro do sabonete, a batida alta do seu coração, o deslizar da sua mão em meu braço. Não daria pra dormir assim.
-Me solta. - sussurrei e ele me estreitou mais.
-Dorme amor. - pediu carinhoso beijando meus cabelos e embora eu sentisse vontade de gritar e pedi que me largasse relaxei e dormir imediatamente. Acordei no dia seguinte renovada e sozinha. Disfarçadamente procurei por ele no quarto, mas não tinha ninguém. Levantei ajeitando a toalha no corpo e o encontrei na cozinha com uma suntuosa mesa posta.
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Tudo mudou...
RomanceOBRA REGISTRADA... não vacilem, plagio é CRIME. TUDO MUDOU... Conta a historia de Luize monteiro, uma menina simples de vinte e quatro anos, desempregada, sem namorado, sem dinheiro e sem perspectiva, mas com muitos sonhos. Luize tinha problemas com...