Capítulo 32

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Acordei na casa dos meus pais tomei um banho e desci vestindo uma das roupas que havia deixado lá. Respirei profundamente quando a bagunça do café da manhã tomou conta do ambiente e sorri.

-Parece feliz. - Felipe falou me olhando.

-Acho que estou. - afirmei sentando-me ao seu lado.

-Aqui, meus rascunhos como você pediu. - disse me entregando uma pasta.

-Vou dá uma olhada depois. - afirmei colocando-a em meu colo.

-Quer voltar pra casa filha? - meu pai perguntou e eu o olhei. De alguma forma nossa relação mudou depois do coma, desde que voltei meu pai não tem me criticado, repreendido ou me olhado com decepção como antes e isso me tranquilizava muito porque minha situação atual deveria ser motivo de muita decepção para todos.

-Não pai, mal me mudei. - falei rindo. Eu estava preocupada porque ainda não tinha conseguido outro emprego e a Amanda não poderia bancar tudo sozinha, mas não voltaria pra casa. Decidi que quando saísse não voltaria. Poderia passar fome ou ir morar na sarjeta, mas não conseguiria voltar com o rabinho entre as pernas, era vergonhoso demais pra mim.

-Você poderia passar os finais de semana aqui. - minha mãe sugeriu colocando sanduiches em nossos pratos.

-Se você fizer isso Luize estará de volta a essa casa antes de completar um mês. - Rafael aconselhou e eu concordei com a cabeça.

-Venho sempre que possível mãe. E não é como se eu tivesse muito longe daqui. - apaziguei.

-Já sabe como vai vestida ao casamento Luize? - Leticia perguntou e eu neguei. Não sabia como iria vestida e não tinha dinheiro o suficiente para comprar nada decente.

-Não, mas vou dá um jeito. - falei por fim e me levantei pegando a pasta do Felipe e brinquei. -Estarei lá linda como sempre.

-Talvez eu possa ajudar... Estou me desfazendo de muitas roupas para abrir espaço no guarda roupa e não usei nem a metade ainda. - Bruna se pronunciou e eu a olhei com uma pontada de inveja porque todas as minhas roupas já foram batidas algumas vezes e ela tinha coisas que não teve tempo de usar... Nossa!

-Não, Bruna, obrigada, mas eu não...

-Ah Luize deixa de ser orgulhosa. - Leticia reclamou. -Eu mesma vou pegar muitas das roupas da Bruna. Vamos a casa dela daqui a pouco, você poderia vir conosco.

-Não é orgulho, é só...

-Você não aceita a ajuda de ninguém. - Felipe acusou e eu me sentei. Está bem, eles estavam certos, mas querer conquistar as coisas por mim mesma não era um crime.

-Vocês vão que horas? - perguntei me rendendo. Bruna morava com o Rafael há quase um ano, mas suas coisas ainda estavam na casa dos seus pais. A casa deles era enorme para um casal que mal ficavam em casa e com uma única filha. Nenhum dos dois estavam em casa, eu e a Leticia olhávamos e tocávamos tudo o que víamos pelo caminho até o quarto da Bruna, que por sinal era maior do que o meu e o da Let juntos.

-Nossa você dormia aqui? - Leticia pergunta admirada e Bruna rir indo até o closet. É ela tem um closet repleto de vestidos, saias, blusas, shorts, calças, macacão de todo o tamanho e sapatos tudo devidamente organizado nessa ordem.

-Isso é o paraíso. - falou tocando cada tecido, alguns com etiquetas. -Não acredito que quer se desfazer disso.

-São roupas velhas e agora terei coisas de acordo com uma mulher casada e não vou me livrar de tudo. - acrescenta quando eu e a Let a olhamos como se fosse louca. Passamos a manha inteira ali experimentando tudo e tirando algumas fotos. Quando eu e a Leticia resolvemos sair de lá estamos com varias sacolas. Bruna deixa minha irmã em casa e dirige até a minha.

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