Capítulo 29

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Aquele era o meu primeiro sábado longe do hospital e resumindo minha semana de altos e baixos eu sentia que conseguiria sobreviver apesar de tudo. Minha vida tinha dado um longo passo pra trás, mas não tinha me derrubado. Eu pensava nisso numa loja de decoração no centro enquanto tentava escolher um filtro dos sonhos para a janela do meu quarto. Ainda não tinha me mudado para a casa da Mendy e pretendia fazer isso ainda naquele dia então a arrastei para comprar, coisa que ela odiava.

-O que acha desse? – perguntei mostrando um azul com penas marrons.

-Parece igual aos outros. – falou chata olhando um vidro que brilha no escuro.

-Ah Mendy. – reclamei fazendo bico e colocando o objeto no lugar.

-Estou morrendo de fome Luize, vamos comer ai depois eu dou risada para o que você me mostrar. – falou me arrastando pra fora da loja.

-Está bem sua chata, vamos comer ai depois eu não quero que você... – o resto da frase ficou presa em minha garganta quando vi a loira sorridente que vinha em minha direção. Quando ela me viu seu sorriso aumento e ela retirou os óculos de sol.

-Luize, querida que saudades. – Debora falou me dando um beijo cheio de batom roxo no meu rosto.

-Oi Debora. – murmurei olhando-a na minha mente o trecho da carta onde o Diego dizia que ela era certa pra ele ecoava.

-Soube que você esteve internada querida, eu nem pude ir te visitar, mas é tanta coisa sabe. – falava. –Que bom que está bem, um pouco pálida e abatida, mas está bem, não é?

-Sim...

-Ah eu também estou ótima, mas com um namorado maravilhoso e que fica me mimando o tempo todo é impossível não acha? – perguntou mexendo na franja.

-Eu tenho que ir. – me forcei a falar e a Mendy segurou no meu braço preocupada.

-Claro tudo bem, mas vou marcar um jantar em sua homenagem. O Dieguito vai adorar receber sua visita ele é sempre tão preocupado com os outros. – continuou. Foi segundos antes dele aparecer e a Debora estava na metade da sua conversa diabólica, mas meu corpo e meu coração sentiu a sua presença e ele estava ali a dez passos atrás dela.

-Debora. – chamou de forma ríspida e ela se assustou, mas eu já não olhava mais para ela. Seus olhos ainda eram como eu lembrava, mas alguma coisa tinha mudado estavam apagados, vazios e olhavam para mim sérios e compenetrados. Suas roupas também mudaram, ele usava um terno e seus cabelos antes distraidamente caídos sob a testa agora estavam cuidadosamente penteados para trás. Debora olhou de mim pra ele, já não sorria e eu a vi resmungar algo incompreensivo pouco antes de caminhar até ele e o beijar. Foi o suficiente para meu autocontrole. Senti um leve mal estar e cairia se a Amanda não estivesse do meu lado. Ele a afastou brutamente e deu um passo em minha direção, mas não chegou a se aproximas.

-Luize... – Amanda exclamou me sustentando.

-Estou bem. – murmurei. –Preciso sair daqui.

-Vem, vamos entrar. – pediu me guiando para o restaurante onde tínhamos parado. Olhei mais uma vez para o Diego, mas desviei rapidamente os olhos, não suportava mais olhar para minha ilusão.

-Senta aqui. – Amanda pediu me colocando na primeira cadeira que achou. –Vou vê se consigo água pra você.

-Luize? – Marcos me chamou se aproximando e eu franzi a testa.

-Marcos? O que faz aqui? – questionei ainda olhando para a porta do restaurante.

-O Diego me pediu para ver se você estava bem. – falou segurando meu pulso.

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