-Abaixe essa arma. - Ricardo gritou.
-Não. - ela gritou mais alto. -Eu vou acabar com vocês. Vocês não se amam? Quero vê se amarem no inferno. - não dá pra definir com clareza como tudo aconteceu. Eu estava na mira da Debora e Diego estava um passo na minha frente. Quando ele se inclinou sobre mim para me proteger Ricardo o abraçou e o silêncio após o som estridente do disparo paralisou todo mundo. Vinte segundos se passaram até Ricardo gemer de dor e cair nos braços do filho.
-Pai... - Debora sussurrou se dando conta do que havia feito.
-Não. - Diego exclamou amparando Ricardo. -Pai?
-Me perdoa meu filho... - Ricardo sussurrou.
-Chame uma ambulância. - Diego gritou tentando conter o sangue. Eu olhei para a Debora que continuava inerte no mesmo lugar e disquei o numero da ambulância. Menos de dez minutos depois eles estavam transportando Ricardo para seu hospital. Debora estava em choque e mal se moveu. Os médicos a levaram Também. No hospital enquanto Ricardo era atendido Diego e sua família, que haviam chegado horas antes esperavam aflitos. Todos em silencio, perdidos em seus próprios pensamentos. Me aproximei do meu marido e ele me olhou com um olhar vazio e me abraçou apertado.
-Vai ficar tudo bem. - murmurei consolando-o.
-Ele salvou nossas vidas. - sussurrou pesaroso.
-Eu sei... Devo muito a ele. – afirmei sem sair do seu abraço. –Principalmente por ter salvado você.
-Posso ficar aqui? – Camila perguntou se aproximando com os olhos marejados e Diego a abraçou. Me afastei para deixá-los juntos e me sentei num dos bancos. Dona Barbara estava lá olhando para o nada. Giovanne a acompanhou quando ela chegou, mas precisou voltar ao trabalho e agora ela se encontrava sozinha. Olhando para ela não dava para dizer que passou tanto sofrimento no passado, era visivelmente uma mulher forte. O tipo de mulher que eu gostaria de me tornar um dia. Ela me pegou olhando e se aproximou.
-A senhora está bem/ - perguntei quando ela se sentou ao meu lado.
-Seria muito rude se eu dissesse que estou em paz? – questionou com a voz firme e neguei com a cabeça, ela suspirou alto.
-Esse hospital me trás tristes recordações... Esperei nessa mesma sala a pior noticia que já recebi... Diogo estava morto e junto com a morte dele o pior aconteceu... Sabe Ricardo não era um homem mal. Foi sempre muito dedicado ao trabalho, mas tinha tempo para mim e para os filhos. Brincava com eles no parquinho e os colocava para dormir... Quando o Diogo morreu ele sumiu, se afastou do Diego e da Camila e brigamos muito por isso. Logo veio às agressões, as traições e o fim. – desabafou sem olhar para mim. –Mesmo assim eu sempre soube que ele amava os filhos, só sabia mais como demonstrar. A obsessão que ele tinha em manter o Diego perto em controlar a vida dele me dizia que ele tinha medo...
-Ele praticamente criou a Debora. – lembrei.
-A filha de uma amante. – suspirou novamente. –Aquela menina é uma coitada. Viveu a vida toda tentando ser o que nunca conseguiria. Mas ela pode se gabar de ter sido criada por Ricardo Alencar, coisa que nem os filhos dele conseguiram... Não quero que ele morra.
-Também não quero... – murmurei olhando para a parede onde ele se encontrava a algumas salas de distancia. Recebemos a boa noticia duas horas depois da nossa conversa e o alivio que os rostos daquela família transmitiam me fizeram sorrir de verdade. Desobedecendo a suas próprias regras Ricardo exigiu ver sua família começando pela ex-esposa. Quando Barbara saiu da sala com os olhos marejados e um sorriso emocionado minha curiosidade atiçou para saber o que de fato ocorreu lá dentro. Camila entrou em seguida por recomendação do pai e saiu igualmente feliz e meio sorridente. Diego estava tenso ao meu lado e apertava minha mão numa ansiedade desesperadora. Ricardo parecia ter envelhecido uns dez anos deitado ali naquela cama, mas parecia arrogante apesar da roupa de hospital e nos olhou por um longo momento antes de fazer um gesto para nos aproximarmos.
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Tudo mudou...
RomanceOBRA REGISTRADA... não vacilem, plagio é CRIME. TUDO MUDOU... Conta a historia de Luize monteiro, uma menina simples de vinte e quatro anos, desempregada, sem namorado, sem dinheiro e sem perspectiva, mas com muitos sonhos. Luize tinha problemas com...