24. Fantasmas.

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Lauren Jauregui's point of view.

Camila foi embora junto com Miley, por volta das cinco da manhã. Ashley e eu ficamos conversando até umas sete e meia, quando o sono começou a me vencer, e eu dormi no sofá mesmo. Keana foi o ponto forte em diversos assuntos, e por mais que ouvir e falar tanto dela estava me incomodando um pouco, me deixei continuar ali, controlando os sentimentos.
Quando acordei com a ajuda do despertador, eram dez da manhã. Tomei um banho rápido, me arrumei, e fui para a minha consulta de hoje. Contei para minha terapeuta tudo o que aconteceu no final de semana, e nessa madrugada. E contei o que queria fazer, também.

"Não estou aqui para te proibir de nada, Lauren - ela disse. - Você acha que está pronta para encarar esse passado? Óbvio, para superarmos, termos que passar pela fase de aceitação, e você só aceita quando encara, mas tudo tem seu tempo. Não precisa correr, não precisa se sentir na obrigação de absolutamente nada. Se achar que chegou o momento, faça. Mas faça por você, porque você quer superar isso! Não por Ashley, não por Camila, não por ninguém além de você".

Eu disse que estava pronta, que queria superar, passar por cima disso tudo e finalmente viver uma vida "normal", sem traumas profundos demais, sem histórias mal contadas, sem Camila me conhecer de verdade, sem poder mergulhar na noite de verdade e beber com minhas amigas até cair como nos velhos tempos porque tinha medo de abrir a boca. Sem esperar encontrar um gatinho a cada esquina que cruzo.

"Vamos fazer um seguinte, então: você disse que quer levar Camila até seu apartamento, encarar aquelas paredes de novo, seus livros. Pois bem, faça isso, e se sentir que realmente aguenta encarar a fonte dos seus problemas após essa visita no seu apartamento, o faça também - ela aconselhou. - Sua reação ao ver Keana nesta madrugada pode ter sido gerada pela surpresa, porque você finge que ela não existe, porque nunca pensou que a veria outra vez. Mas também pode ser a reação que você teria mesmo que o encontro não tivesse sido por acaso. Então, vá até seu apartamento, sinta o que tiver que sentir, e entre em consenso consigo mesma se deve ou não se aprofundar nessa ideia agora".

Depois da consulta, fui direto para a loja de antiguidades, e como não era muito movimentado, as palavras da doutora ficaram ecoando na minha cabeça, mas não de um jeito que me fizesse desistir. Já tinha passado o endereço e o horário para Camila, e agora os milhares relógios da loja marcavam às sete da noite, então, ela não demoraria para chegar, e assim, podermos ir até minha casa.

- Oi, menina Lauren! - Uma das senhoras que sempre visita a loja por puro entretenimento me cumprimentou quando adentrou o estabelecimento, com seu sorriso simpático e a bolsinha de oncinha pendurada no ombro de sempre.

A essa altura, eu já tinha feito amizade com vários dos velhinhos que veem aqui. E com algumas pessoas mais jovens também. Mas bem, os idosos eram mais simpáticos que eles.

- Oi, Sra. Scott! - Cumprimento, saindo detras do balcão e aproximando dela para que ela possa pegar na minha mão, como sempre fazia. - Como está?

- Oh, muito bem! E você?

- Estou bem, também - sua mão era extremamente gelada, e agora eu até posso justificar e falar que era por conta do frio de outubro. Outubro esse que já estava quase no fim. - O que procura aqui hoje?

- Se lembra da Carolina, a filha que disse que iria se casar? - Ela me pergunta, e eu concordo. - Vim aqui olhar alguns relógios carrilhão para dar de presente na nova casa.

Eu torço o nariz, a acompanhando para a profundidade da loja, onde ela sabia muito bem que ficava a sessão de relógios.

- Tem certeza que ela não iria querer algo mais... moderno?

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