Reasons

12. Amante

Camila Cabello's point of view.

A "uma bebida" se extende pra duas, que se extende pra três, quatro, até chegar na quinta, e as mulheres ao meu redor já estarem meio tontas. Elas não estavam bêbadas, de nem saberem o que falavam ou faziam, mas aquele resquício de liberdade e felicidade maior transpareciam até em seus olhos. Como disse, elas são boas de copo.
Ashley e Lauren ainda estavam de mãos dadas, e parecia que, naquela altura, Ashley nem sentia mais seu braço esticado sobre a mesa. O mesmo com Lauren. Elas só estavam com as mãos juntas.

— Ai, gente, mas é o que eu digo – Lauren, com a voz um pouquinho mais arrastada e rouca começou a dizer, prosseguindo com o assunto que se instalou –; é muito fácil bater no peito e falar que tem algo, quando você não precisou mover um dedo para conseguir.

O assunto agora era sobre herdeiros, e se alguém me perguntar como chegamos nesse assunto, sendo que começamos falando dos sabores dos drinks, eu não saberia responder.

— Eu também acho – entro em consenso, me lembrando de Austin. – Não que tenha algo errado em nascer herdeira, mas a pessoa quer se vangloriar por "conseguir" o carro do ano para cima de uma pessoa que está trabalhando duro para conseguir.

— Não que tenha algo errado mesmo, porque eu gostaria de ter nascido herdeira – Ashley comenta ao meu lado, e ambas as meninas concordam, depois de concordarem comigo também.

— Eu também não reclamaria não – Normani diz, a voz mais arrasta que as demais –, mas como as meninas falaram, é muito fácil conseguir as coisas quando tudo que você faz é ficar no quarto jogando videogame. Aí você olha pra alguém que trabalha dia e noite pra conquistar algo, e sinceramente da vontade de exilar todos os herdeiros do mundo.

Nós compartilhamos uma risada, e depois se instala um silêncio na mesa –que não é tão silêncio porque tem a música e a conversa paralela dos demais ao nosso redor– que não chega nem perto de ser incomodo. Acho que foi mais uma pausa para todas beberem, porque cada uma estava com seu copo na mão agora.

— Acho que erramos feio com essa coisa de manga – Dinah é quem comenta, mais para si do que para as outras, fazendo uma careta para o copo, e ouço Ashley suspirar ao meu lado.

— Como vocês duas souberam que tinham que namorar? – Ashley pergunta repentinamente, e Dinah e Normani trocam um olhar, como se estivessem confirmando que era com elas. – É uma pergunta um pouco estúpida porque vocês estão juntas desde adolescentes, mas respondam mesmo assim.

— A gente não soube que tínhamos que namorar, nós sentimos que queríamos isso – Normani diz, e eu percebo que o assunto pelo o qual viemos aqui chegou. – É aquele lance com a Sydney?

— Quem é Sydney? – Pergunto, para me inteirar do tema, e Ashley se vira pra mim.

— Uma garota que eu me envolvo – ela responde, sem rodeios. – Ela voltou da viagem que tinha feito decidida que queria organizar a vida dela, e falou comigo sobre isso. Disse que precisava saber o que éramos e o que poderíamos ser, porque ela não estava gostando dessa confusão mais.

— Então ela te perguntou entre as linhas se vocês iam chegar a ter um relacionamento sério ou não? – Dinah verbaliza o que estou pensando, e Ashley concorda.

— E você está na duvida? – Normani questiona, descrente. – Ash, você saí com a menina para tudo quanto é lado como se fossem um casal, das vezes que fala nela, fala como se fossem um casal.