Reasons

21. Cicatrizando.

Lauren Jauregui's point of view.

Eu não sabia o quão bom seria me sentir apaixonada de novo. Mas não apaixonadinha. Eu sentia meu corpo arder em paixão, pulsar e quase entrar em combustão. Passei o dia inteiro com Camila, superei aquele problema –para não usar a palavra trauma–, e toquei piano mais uma vez depois de tanto tempo. Desde ontem, meu corpo está tendo de conviver com um misto de sensações tão boas e intensas, que sinto que posso explodir a qualquer momento.

Eu estava feliz de verdade. Confortável comigo mesma e com a relação que estou formando. Gratificada.

Abro mais um sorriso espontâneo quando passo pela porta, e deixo meu sobretudo na arara de suporte. Meu ombro ainda está doendo, então, preciso desfazer o sorriso para soltar um gemido baixinho de dor. Se eu tivesse certeza que Sydney não estaria aqui, tiraria essa blusa que está pressionando mais a dor, mas Ashley e ela estão grudadas desde que começaram a namorar oficialmente, e, eventualmente, Sydney está aqui quase todos os dias, mesmo que não venha para dormir. Nem parecia que a semanas atrás, Ashley não queria nada que envolvia um nós.

— Mas eu transei muito, Ash – uma voz familiar para meus ouvidos surge, e eu logo a associo a Miley, pelo entusiasmo. – A gente foi pra casa dela depois daquele jantar e compensamos todas aquelas vezes que fomos interrompidas. Sério, eu já estava com tanto tesão que poderia gozar com vento.

Quero rir. Miley, Ashley, Harry e eu nos conhecemos desde a época da escola, e sempre fomos super abertos um com os outros. Harry nem tanto assim, mas amava ouvir a gente falando sobre nossos casos. Óbvio, a mais descritiva era Miley, e acho que, pelo fato de já nos conhecermos a muito tempo, a narrativa nunca nos deixou envergonhadas, e sim com vontade de rir.

Deduzi que, já que Miley estava, ela era a única pessoa "diferente" nesta casa, então, me vi na liberdade de retirar aquela blusa, e o alívio que sinto é indescritível. Olho para meu ombro com um pouco de dificuldade, e as marcas dos dentes estavam realmente roxas. Não extremamente chamativas, como se Camila tivesse tentado arrancar um pedaço de mim, mas, ainda assim, era visível. Retiro meus sapatos e jogo o cabelo para cima do hematoma antes de aparecer na sala. Ashley estava sentada em um lado do sofá, e Miley no outro, completamente à vontade.

— Você sempre diz que está com o tesão lá encima, mas ele acaba rapidinho quando aparece outra pessoa diferente e... – Ashley para de falar quando nota o sorriso que Miley abre na minha direção, e ela se vira para conferir o que era, já que estava de costas pra mim. – Achei que tinha perdido o caminho de casa.

Eu sorrio pra ela, e me aproximo para deixar um beijo na sua bochecha. Miley e eu nos abraçamos como cumprimento, já que não nos víamos fazia mais de semanas, e preciso controlar a vontade de gemer quando seu braço passa pelo meu ombro. Mas, no final, dá tudo certo, e eu me sento no encontro entre um sofá e outro, onde conseguiria ver as duas sem problemas.

— São seis da noite – a lembro, conferindo as horas no visor do telefone.

— Onde você estava? – Miley pergunta. – Achei um espaço na agenda da Ashley que agora parece estar restrita só pra Sydney e você não está aqui.

— Vai se foder! – Ash arremessa uma almofada na direção de Miley, acertando seu rosto. – Você só me passou mensagem ontem falando que queria vir aqui, e eu não marquei nada com a Sdy por causa disso. Conversada.

— Por que você não me avisou? Eu teria vindo mais cedo – a dei uma cutucada na coxa com meus dedos do pé, e Miley acerta um tapa leve neles, me fazendo rir. – Mas agora estamos todas aqui. Do que estavam falando?