26. Não deveria confiar nela.

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Camila Cabello's point of view.

Meu coração está acelerado quando passo pela porta da cafeteria, e o sino encima dela toca. Já tinha visto Simon pelo vidro, com uma xícara de café, e um jornal nas mãos. Ele tinha aquele ar excêntrico de sempre, mas ainda me intimidava. Meu futuro estava nas mãos dele naquele momento, e se ele não gostasse de mim, eu teria de começar tudo de novo.

Dormi com Lauren na noite passada, em seu apartamento. O plano era ir para casa de Ashley, e dormimos lá. Na verdade, o plano nem incluía transarmos no seu quarto. Iríamos apenas pegar os livros, e sair, mas bem, as distrações foram muitas, e durante uma conversa extensa sobre essa biografia na qual dei a ideia de Lauren fazer, acabamos pegando no sono, e nos rendendo a ele. Claro que acordamos com o nariz entupido e os olhos inchados devido à poeira, mas estávamos bem. Eu, em particular, estava muito mais do que bem. Agora Lauren era minha namorada de verdade, e eu estava a alguns passos de um cara que poderia levar minha carreira nas alturas.

Estava tudo perfeito!

Eu limpo a garganta, e encorajando outra vez antes de avançar um passo, e ficar no campo de visão de Simon.

- Simon! - Eu exclamo, para chamar sua atenção, e o homem ergue o olhar, e abre um sorriso quando nota que era eu.

- Oh, Camila! - Ele se levanta, e me cumprimenta com dois beijos. - Por favor, sente. Estava te esperando.

- Eu não me atrasei, não é? - Pergunto, ajeitando meu vestido para me sentar na sua frente. - Acabei dormindo na casa da minha namorada ontem e tive que correr até em casa para pegar o violino.

Ele havia me pedido para trazer o instrumento quando nos encontrássemos, já que não era muito possível pra mim carregar um violoncelo nas costas, e como era bom nos dois, não vi problemas em ser ouvida no violino.

- Não, eu quem cheguei mais cedo para tomar um café antes - ele aponta para a xícara. - Não funciono muito bem sem meu café antes das oito da manhã.

De fato, eram oito horas agora, e por mais que estivesse caindo de sono, a ansiedade me deixava bem acordada.

- Minha mãe é igualzinha - digo, simpática, enquanto Simon sinaliza para o garçom.

- Me traz dois cappuccinos, por favor - o homem afirma com a cabeça, e saí em seguida. - Como sua mãe se chama, querida?

- Sinu.

- São apenas vocês? Digo, da família? - Ele apoia os cotovelos sobre a mesa, e o queixo nas mãos entrelaçadas.

- Oh, sim. Meu pai morreu antes que eu nascesse, então sempre foi só eu e ela - tento dizer isso da forma mais natural possível, porque não quero que o ambiente pese, e Simon assente.

- Então... ela te apoiou desde cedo com a questão dos instrumentos? Sua mãe?

- Sim! - Meu entusiasmo surge. - Ela diz que sempre gostei de fazer ritmo em tudo o que eu tocava. Vivia batucando qualquer superfície ou fazendo melodia com os copos desde muito nova, então ela decidiu desistir das aulas de balé e me colocar na aula de violão. Eu gostei, mas eu lembro que sempre achei violão muito simples, e meu professor também dava aulas de violino e violoncelo para outros alunos. Eu o vi ensinando uma vez, quando estava chegando, e decidi que não queria outra coisa. Minha mãe não viu problemas em trocar os instrumentos, e desde então, sempre apoiou, e até me motivava. Assistia minhas aulas sempre que podia, me ouvia falar por horas do quão animada estava com isso e o que aprendi todos os dias, era a primeira a chegar nas minhas apresentações, fazia vídeos, tirava fotos e falava com orgulho pra todo mundo que a filha dela é uma "violinista de primeira" - imito sua voz, e Simon sorri. - Seu quarto é cheio de fotos minhas, e até meus troféus e medalhas por competições ou méritos ficam lá. Ela sempre achou que eu tinha um dom pra isso, e nunca me deixou desistir, mesmo quando meus dedos estavam cortados pelas cordas e minha mão doía a ponto de eu não conseguir mexe-las. Ela sempre dizia que o futuro iria compensar por isso.

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