Lauren Jauregui's point of view
Uma semana depois...
É engraçado e meio louco como a vida consegue nos pregar peças. Como ela consegue te levar para cima e para baixo em questão de dias, às vezes horas. O que aconteceu a alguns meses atrás, se não fosse uma página tão marcante da minha história, talvez eu sentiria que sequer existiu, que fora apenas uma ilusão da minha cabeça fértil. E tudo isso porque, do dia pra noite, a linha do meu destino simplesmente mudou novamente. Keana contou a verdade não só pra mim, como para o público, e as consequências disso foi um pedido de desculpas da minha editora, um apelo para publicar minha biografia o quanto antes, a aceitação do público.
Meu nome fora trend no Twitter por cerca de 3 dias seguidos, saíram notícias sobre o que aconteceu comigo por toda internet. Ashley me acompanhou na ida a um advogado, onde abri um processo contra Simone, onde uma indenização seria paga –e, se tudo ocorresse como o planejado, ela poderia até mesmo ganhar alguns poucos aninhos de prisão. Sobre Keana, fiz como prometido, e não abri um processo contra a mesma, porém, deixarei que a lei decida se ela pagará como cúmplice, ou não.
E sobre meu livro... consegui terminá-lo. As últimas páginas foram escritas enquanto estava no avião, viajando para Nova York para ver a apresentação de Camila. Tal qual foi como o esperado; brilhante. Camila conquistou o público de uma forma surpreende, sua habilidade superou níveis que nem Simon pensava que poderia. E, uma semana depois, um dos empresários, amigo de Simon, que estava no concerto, bateu na porta do hotel onde Camila estava hospedada com um contrato em mãos. Um contrato que a permitiria realizar mais dois dos mais famosos concertos em N.Y, antes de partir para uma mini turnê com o concerto de Simon para Los Angeles, Washington, Huston, Michigan e New Jersey. Ela estava surtando.
Como dito, consegui finalizar minha biografia com êxito, e nela, contava com todos os fatos vistos do meu ponto de vista –o ponto de vista real–. Ele começava com minha história com Keana, como nos conhecemos, e como alcançamos a ruína. Contava com meus meses afundada em um abismo em que fui arremessada, com cada mínimo detalhe exposto, até mesmo o episódio da tentativa de suicídio, que fora, sem dúvidas, a parte mais difícil da escrita. Contava com como foi fatal ler tudo que as pessoas falavam sobre mim, coisas maldosas criadas encima de uma mentira. Contava com o momento em que conheci Camila, na floricultura, e como a rosa branca –nome da biografia– fora um ponto especial entre nós. Contei como Ashley me ajudou, como me apaixonei, como passei por cima dos meus traumas porque queria fazer alguém feliz. Como decidi me mudar para N.Y. E, por fim, como foi ouvir da boca de Keana a verdade. E ele terminava comigo me mudando para outra cidade, como estava fazendo agora. E tudo que eu aguardava, era que ele passasse pelo processo editorial antes de ser publicado.
Agora, eu me encontrava de frente a uma sala vazia do meu apartamento, observando cada metro quadrado que antes fora ocupado com os móveis do meu apartamento, que já deveriam estar em um caminhão para a mudança. Observo os raios solares iluminando minha prateleira vazia, e aquela visão me lembra de quando me mudei para aquele apartamento. Fora com os lucros dois meus dois primeiros livros, eu era muito nova. E agora, estava me mudando para o outro, com o dinheiro do último até então. Era engraçado de se ver.
— Jauregui! – Ouço a voz inconfundível do porteiro atrás de mim, e quando olho para a porta, o mesmo está parado entre o batente, com algumas cartas e rosas brancas em mãos. – Mas alguns presentes pra você!
Cartas com pedidos de desculpas, com textos de admiração, ursos de pelúcia, rosas brancas... eram vários presentes que estava recebendo. Antigamente, eu também os recebia, mas não nessa quantidade. Agora, com as vendas dos livros antigos subindo devido às pessoas que queriam me conhecer, os presentes duplicaram. Eu me sentia especial em cada um deles.
— Meu Deus, não sei onde vou enfiar tentar rosas – eu digo, com um sorriso, e o porteiro gargalha, concordando. – Pode deixar elas nessa caixa do seu lado, vou levá-las comigo.
Ele concorda, faz o que pedi, e me deixa sozinha outra vez. Eu suspiro fundo, me sentindo genuinamente aliviada ao ver aquela caixa cheia, e até mesmo pego uma das rosas, para a observar de perto. Como aquela pequena flor, que eu sequer sentia empatia se tornou tão importante pra mim?
— Temos uma história agora – digo, com um sorriso nos lábios, me lembrando novamente de tudo que passei com Camila até ali.
A cor esbranquiçada, com algumas linhas rosas, a folha verde, o cabinho tão fino. Me lembro da primeira vez em que dei uma dessas para Camila, e ela me disse que, quem dava flores, apreciava tudo que a vida podia oferecer. Hoje eu entendo. Talvez, eu poderia interpretar sua frase como dita para um futuro próximo em que dividi com ela. Apreciei o que a vida tinha a oferecer. E era ela, o grande amor da minha vida. Era Ashley, a minha companheira. Era todos os pequenos momentos que me fizerem reerguer, rir, chorar de alegria. Amar.
E no final, aquela era a minha maior razão para nunca mais pensar em desistir da vida: admirar as rosas brancas, e lembrar que, um dia, elas deram início à nova página da minha vida.
Eu pego a caixa, olho por uma última para meu apartamento, e fecho a porta, antes de partir para uma nova página da minha vida. Talvez a melhor página que poderia escrever na mais bela caligrafia.
FIM :)
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Reasons
FanfictionLidar com os livros fracassando nas vendas após uma polêmica, o saldo da conta bancária caindo cada vez mais, o dono do prédio batendo no seu apartamento com a ordem de despejo em mãos e a vida amorosa indo pior que a saúde mental e física não é fác...