Reasons

22. Simon Ferrari.

Camila Cabello's point of view.

Lauren ficou inquieta até metade do conserto, com a perna tremendo do meu lado, seus dedos brincando com os meus e seus dentes mordiscando o dorso da sua outra mão. Mas do final para cá, ela se acalmou, e passou a aproveitar. Não sei ao certo o que foi que aconteceu, e por mais que tenha perguntado diversas vezes se ela estava bem, e ela ter me aberto um sorriso e respondido "sim, amor", não confiei muito. Mas ela se tranquilizou sozinha depois, e agiu como se nem tivesse ficado inquieta, então imaginei que fosse algo momentâneo. Um pensamento que ficou levitando ao redor da sua cabeça por um tempo.

Estávamos sentadas na terceira fileira, Miley na minha esquerda e Lauren na direita, ambas com as taças de champanhe que não saíram das suas mãos o conserto inteiro. Mas também não tinha feito o mínimo efeito até então. Acho que o fígado delas já são acostumados demais pra uma champanhe as derrubar.

O som refinado do violino em junção com o piano continuava soando como um relaxante natural para meus ouvidos quando apoiei minha cabeça no ombro de Lauren. Estava lindo a decoração, a música, a boa energia que o lugar e até mesmo as pessoas passavam. E me fazia feliz saber que Lauren se lembrou de mim quando sua amiga comentou sobre um conserto.
Sinto seus lábios encostarem na minha cabeça, para deixar um beijo ali, e eu sorri comigo mesma.

— É tão bom de ouvir – comento, baixinho, já que a plateia inteira estava em silêncio, contemplando os músicos como se fossem uma tela de cinema.

— Daqui a dois meses vai ser você encima do palco – ela diz, no mesmo tom.

— Você lembra? – Sinto vontade de a olhar pela emoção que me tomou, mas não o faço, porque Lauren deita sua cabeça sobre a minha, e me sinto tão confortável, que poderia ficar ali pra sempre.

— Óbvio que lembro, e sabe, já está na hora de você me dizer o dia exato para eu marcar na minha agenda – ela põe seu braço por cima do apoio, e mexe os dedos para chamar minha atenção. Eu percebo, e logo, entrelaço os meus nos dela.

— Você quer ir? – Olho pra cima, como se tivesse alguma possibilidade de conseguir enxergá-la. – A apresentação daqui a dois meses é só para verem meu avanço. A de verdade está mais longe. Daqui a três.

— Se não se incomodar, eu quero, sim.

— Nas duas? – O clarinete entra na melodia.

— Em quantas você tiver – meu sorrio vem de orelha a orelha. – Apoio é importante, não é? E também, eu realmente gosto de te ver tocando, me faz bem.

— Pode vir em todas que eu tiver – me aconchego mais nela, iniciando uma carícia com o dedão na sua mão. – Vou te passar o endereço por mensagem.

Lauren me dá outro beijo no topo da minha cabeça como resposta, e voltamos a desfrutar da música enquanto trocamos carícias. E permanecemos assim até o final. Até que o maestro descesse do palanque, e fossemos obrigadas a nos separar para aplaudir àquela maravilha, como toda a plateia fazia. Alguns os jogaram rosas, enquanto eles agradeciam, e então, a cortina grossa se fechou, e o show terminou.

— Meu Deus! Foi incrível! – Miley diz o que estou pensando, e eu concordo com ela, entusiasmada enquanto as pessoas começavam a se dispersarem.

— Sim, nossa!

— Nós ficamos aqui esperando a Ash? Ou fazemos o quê? – Lauren pergunta, se curvando para enxergar a amiga e eu.