35. Eu vou consertar as coisas.

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Lauren Jauregui's point of view.

Eu franzo o cenho, me perguntando se estou ficando louca, ou se realmente ouvi aquela voz. Mas quando Ashley solta uma risada meio irônica, de descrença, eu percebo que estava certa.

Minha primeira reação é levantar do sofá, e o contornar até ter uma boa visão da porta. Keana estava lá, de pé do lado de fora, com as mãos para trás e a postura meio acanhada. O que ela queria agora?!

— O que você está fazendo aqui? – Ashley faz a pergunta que eu queria, com certeza mais rispida do que eu soaria.

— Preciso conversar com ela – Keana aponta com a cabeça na minha direção, e eu engulo em seco, com a ansiedade sobre o motivo me tomando. – Prometo que não vai demorar.

Ela diz aquilo olhando diretamente pra mim, e Ashley faz o mesmo em seguida, cruzando os braços, como se esperasse alguma resposta da minha parte. Por que eu deveria conversar com ela? Por que me submeter àqueles sentimentos de novo? Por que não só fechar a porta na cara dela? Provavelmente porque depois minha cabeça não vai me deixar em paz querendo saber do que se tratava.

— Tudo bem, Ash – empurro as palavras na garganta, e recolho meu casaco na arara antes de começar a ir em direção à porta. – Vamos aqui fora.

Não queria ficar com Keana dentro de casa, mesmo que Ashley estivesse em um cômodo separado. Não quero que, por alguma razão, ela pense que ainda tem um pingo de intimidade sequer comigo.

Eu passo pela minha amiga, oferecendo um sorriso como quem dizia que estava tudo bem, e evito trocar olhar com Keana, seguindo para a lateral da casa em seguida. Ouço a porta se fechando, e suspiro fundo.

O que virá dessa vez?

— Parece que ela ainda quer acertar outro soco em mim – Keana comenta, e eu quero responder que até eu tenho vontade de fazer isso, assim como todos os meus outros amigos, mas prefiro me calar.

— O que você quer?

Me viro em sua direção assim que paro de andar, e só então eu consigo reparar no estado do olho de Keana. Havia um inchaço roxeado ao redor do seu olho direito, e mesmo que estivesse escuro, era bem visível. É inevitável que eu franza o cenho.

— Minha mãe – ela explica, encolhendo os ombros, e eu curvo ainda mais o cenho.

— Outra história? – Keana solta uma risada de escárnio, negando com a cabeça.

— Antes fosse – ela da de ombros. – É a finalização de uma, na verdade.

— Do que você está falando? – Pergunto, cruzando meus braços para tentar conter o frio.

Keana me encara por alguns segundos, como se estivesse se encorajando para falar, e eu me preparo para qualquer coisa nesse espaço de tempo.

— Eu disse a ela que vou acabar com tudo isso que criamos – ela finalmente me encara. – Vou acabar com essa farsa que ela me fez fazer.

Eu pisco algumas vezes, genuinamente surpresa, e tenho certeza que minha boca se entreabriu um pouco.

— Como assim?

— Foi ela, Lauren – Keana assume –, desde o primeiro momento foi ela. Não estou tirando a culpa de cima de mim, estou apenas te contando a verdade, porque isso já passou dos limites. Desde que seus livros começaram a ganhar visibilidade, minha mãe vinha dizendo coisas estranhas, sobre o quão poderíamos usar isso ao meu favor, que poderíamos trazer fama pra mim assim. Eu sou uma artista, claro que queria visibilidade, mas eu nunca, nunca faria uma coisa dessas por livre e espontânea vontade para consegui-la.

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