30. Deveria ser um lugar de respeito.

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Lauren Jauregui's point of view.


Simone.

Seu nariz empinado, a postura arrogante e o patético batom rosa ainda estavam ali com ela, agora parados na frente da minha porta. E aquele sorrio de gato que pegou o canário que combina tão bem com ela, e ao mesmo tempo a deixa tão ridícula não perdeu o efeito. Os pelos dos meus braços se arrepiam. Ver Keana foi fichinha comparado ao que Simone me faz sentir.

— Quanto tempo, querida – ela exibe mais seus dentes, dando um passo à frente. – Posso entrar?

— Não – me ponho no meio do batente, cruzando meus braços. – O que você está fazendo aqui?

Por um lado, era mais fácil lidar com ela. Já não tínhamos um bom relacionamento antes, e eu nunca esperei nada dela, então não acontece nenhum trava, ou nódulo na garganta, apenas o arrepio pela sua energia ruim.

— Você costumava ser mais educada, Lauren – Simone observa, no seu tom passivo-agressivo. – Vim bater um papinho.

— Como você entrou aqui? – Questiono, mas, na verdade, minha vontade era entrar, bater a porta e fingir que sua presença nunca voltou a acontecer.

— Bom... talvez o porteiro ache que nós voltamos a ser uma grande e bonita família – ela sorri, gesticulando as mãos. – Sempre disse a Keana que esse cara era um incompetente, agora você tem certeza disso – Simone ajeita a saia para baixo. – Eu pensei que seria mais difícil te achar, querida, já que agora está vivendo na época das cavernas sem redes sociais. Mas bem... aqui está você!

Eu tenho que urgentemente me lembrar de atualizar o porteiro sobre meu novo ciclo social. Mas também não posso me culpar, quando eu iria imaginar que essa mulher iria aparecer na porta da minha casa?

— Bom... – suspiro, cansada. – Não tenho açúcar para dar, e tenho muita coisa pra fazer, então de me der licença...

Dou um passo para trás, pronta para fechar a porta, mas a investida dela na minha direção me faz parar.

— Não vou deixar minha filha destruir o que construímos – ela diz, de repente, sem o sorriso no rosto mais. Eu franzo o cenho, sem entender absolutamente nada, mas opto por não render o assunto.

— Bom, aí ela só estaria fazendo o que já está acostumada; estragando as coisas, principalmente o que se constrói junto com ela.

— Eu sei que vocês se encontraram para discutir... o que tiverem – ela abana a mão no ar, fazendo pouco caso, e sinto vontade de bater com a porta na cara dela. Literalmente.

Depois de um tempo, Simone se mostrou uma pessoa insuportável de se estar perto, com esse jeito prepotente, narcisista e controladora. Uma das coisas que mais me irritava nela, sem dúvidas, era a forma que ela queria controlar a vida de Keana. Sempre vivia dizendo o que ela achava que a filha deveria pintar ou não, enquanto Keana vivia replicando que pintava de forma espontânea, o que tinha vontade, o que vinha na cabeça. Me lembro das diversas vezes em que ela saía de casa contente e voltava pra baixo da casa de Simone, como se ela fosse capaz de sugar a energia se todos aos seu redor, até que você ficasse murcho. Eu odiava quando isso acontecia.

E, sendo sincera, eu já deveria ter imagino que ela apareceria sim na minha porta. Simone não aguentaria me ver dando a volta por cima, não quando ela voltou pra cidade.

— Claro que sabe, até aproveitou o momento para ir ver minha namorada – acuso, e Simone solta uma risada nasal surpresa.

— Sua namorada? – Pergunta. – Ela ainda é sua namorada?

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