Lauren Jauregui's point of view.
— O quê? – Com a outra mão, Camila começa a alisar minhas costas, me causando bons arrepios.
— Promete não parar com o cafuné e nem me fazer te olhar quando eu contar?
— Prometo – suspiro fundo, entrelaçando minha perna na dela.
Já não era tão difícil assumir aquilo como da primeira vez, com Ashley, mas, ainda assim, é vergonhoso.
— Eu tentei me jogar de uma ponte naquela noite.
Camila para, e por um ou dois segundos, eu não tenho nem certeza se ela está respirando. Não digo nada, não levanto o olhar, e também não paro de mexer no detalhe do macacão dela. Minhas bochechas estão queimando, mas eu não trocaria aquele alívio que estou sentindo por nada.
E então, parecendo se lembrar do que me prometeu, Camila volta a mecher no meu cabelo, e alisar minhas costas, mas seus dedos estão mais rígidos dessa vez.— Como assim? – Sua voz vacila.
— Eu tinha alcançado meu ápice, e pensei que já não tivesse salvação, retorno – digo, e, surpreendente, percebo que não estou chorando. – Eu já estava como uma morta-viva dentro desse apartamento. Foi só a solução mais viável que eu encontrei.
Realmente, dizer aquilo sem precisar encarar ninguém nos olhos é bem mais confortável. Eu não preciso ver a pena, o susto ou até mesmo a dor.
— Oh, meu Deus – a mão que estava nas minhas costas me pressiona mais para perto dela, como se Camila estivesse me abraçando. – Laur, eu... –
— Não precisa dizer nada, eu estou melhor agora – a interrompo, com a voz ficando mais serena. – E estou te contando isso para que não tenhamos segredos mais, para que eu não precise conversar em código, e para que ninguém tire minha chance de te contar por conta própria algo de novo.
Camila passa a mão por de baixo da minha blusa, para acariciar minhas costas pele a pele, e meu corpo reage àquele choque de temperatura com o arrepio, porque sua mão estava realmente gelada. Mas eu deixo que ela se acostume na minha pele quente, porque sei que, talvez, no fundo, Camila só sentiu a necessidade de me tocar de verdade depois de saber que poderia não ter tido a chance de ter me conhecido.
— Posso te fazer uma pergunta? – Eu concordo com um movimento com a cabeça. – Qual foi a razão para você não pular?
Fecho meus olhos, me lembrando do momento. Mas também os fecho para poder aproveitar mais o cafuné.
— Ashley – suspiro silenciosamente outra vez. – Era o aniversário dela dali a alguns minutos, e eu não podia fazer aquilo. Mas bem, nas razões gerais, você é uma delas. Eu tinha dito a mim mesma que eu não poderia fazer nada no sabado, porque era seu aniversário, mas no domingo eu estava liberada.
— E eu te chamei para sair – Camila completa, e mesmo que não consiga ver seu rosto, sei que está surpresa.
— Exatamente... – sorrio fraco comigo mesma. – Depois disso eu percebi que não queria fazer isso com minha melhor amiga, e que eu amava tanto os momentos em que eu e você estávamos juntas. Me fazia sentir viva outra vez, e esquecer meus problemas. Principalmente quando tocou violino pra mim, céus! Mas bem, mais pra frente eu entendi que não queria morrer, só não queria viver mais daquele jeito.
— E você acha que está realmente melhorando? – Ela me pergunta. – Não só temporariamente.
— Acho, amor – sou rápida em responder. – Digo, ter falado sobre meus problemas com alguém realmente tirou um peso enorme que eu era obrigada a carregar sozinha. Comecei a fazer terapia, tenho mantido a mente ocupada. E agora, quando estou sozinha, não penso mais no que aconteceu no passado com frequência, só penso no presente. No agora. Penso em você, na Ash, nos meus amigos, no geral. Penso em como estou orgulhosa por estar conseguindo.
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Reasons
FanfictionLidar com os livros fracassando nas vendas após uma polêmica, o saldo da conta bancária caindo cada vez mais, o dono do prédio batendo no seu apartamento com a ordem de despejo em mãos e a vida amorosa indo pior que a saúde mental e física não é fác...