Capítulo 5

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(ANTES)

Eu nunca trouxe um homem a meu apartamento que não fosse Andrew. Para falar a verdade, Andrew também mal vinha aqui. Seu apartamento é mais confortável e muito maior, então sempre ficávamos por lá.
Mas aqui estou, prestes a transar com um completo estranho, poucas horas depois de flagrar a traição de meu noivo.

Se Andrew é capaz de me trair, com certeza sou capaz de fazer sexo por vingança com um cara muito charmoso. O dia inteiro tem sido um incidente bizarro após o outro. Qual é o problema de mais um?

Abro a porta e confiro se tem alguma coisa que preciso esconder no apartamento. Mas então me dou conta de que teria que esconder tudo, o que não é possível com Patrick a um passo atrás de mim. Eu me afasto e abro espaço para ele.

— Entre — convido.
Patrick entra depois de mim, observando o apartamento com seu olhar triste. É um quarto e sala, mas todas as fotos que tenho com Andrew o fazem parecer ainda menor.

Claustrofóbico.

O restante dos convites de casamento ainda está espalhado sobre a mesa de jantar.
O vestido de noiva que comprei há duas semanas está pendurado na porta do armário da entrada. Olhar para ele me deixa zangada. Eu o arranco dali, dobro a capa com zíper ao meio e jogo tudo dentro do armário. Nem me incomodo em pendurá-lo no cabide. Espero que fique amassado.

Patrick vai até o bar e pega uma foto minha e de Andrew. Eu tinha acabado de aceitar o pedido de casamento de Andrew, e estava exibindo o anel para a câmera. Paro ao lado de Patrick e observo a foto com ele. Seu polegar roça o vidro.

— Você parece feliz de verdade—
Não respondo, ele tem razão. Pareço feliz naquela foto porque eu estava feliz. Muito feliz. E ignorante. Quantas vezes Andrew traiu? Será que aconteceu mesmo antes de ele me pedir em casamento? Tenho tantas perguntas, mas não creio que queira as respostas o bastante para me sujeitar a interrogá-lo.

Patrick pousa o porta-retratos no bar, virado para baixo. E, como fizemos com os celulares, pressiona o dedo contra a
moldura e o empurra pelo balcão. Ele cai pela beirada e quebra quando atinge o piso da cozinha.
É algo tão rude e imprudente de se fazer no apartamento de outra pessoa. Mas estou feliz que o tenha feito.
Há mais duas fotos no bar. Pego outra nossa e a coloco virada para baixo. Então empurro o porta-retratos pelo balcão e, quando quebra, sorrio. Patrick também.

Olhamos para a última foto. Andrew não aparece nessa,é uma foto minha com meu pai, tirada apenas duas semanas antes de sua morte. Patrick apanha a moldura e inspeciona a imagem de perto.

— Seu pai?—

— Sim—
Ele coloca o porta-retratos de volta no balcão.

— Essa pode ficar—
Patrick segue para a mesa, onde os convites de casamento restantes estão jogados. Não escolhi o modelo,foram minha mãe e a de Andrew. Elas até enviaram os convites. Minha mãe largou a sobra aqui há duas semanas, e me aconselhou a pesquisar no Pinterest o que fazer com ela, mas eu não tinha o menor interesse em criar nada com aquilo.

Decididamente vou jogá-los no lixo agora. Não quero uma única recordação desse relacionamento desastroso.
Sigo patrick até a mesa e me sento nela, colocando as pernas para cima. Entrelaço as pernas como um índio enquanto Patrick pega um dos convites e começa a ler em voz alta.

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