capítulo 15

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(ANTES)

Engoli a fatia de torta em cinco dentadas.
Os pais de Patrick pareceram um pouco confusos com nossa saída apressada. Ele disse à mãe que tínhamos ingressos para uma queima de fogos e precisávamos ir antes que perdêssemos o grande finale.

Fiquei aliviada por ela não ter pescado o trocadilho na mentira.
Quase não conversamos no caminho de volta. Patrick diz que gosta de dirigir com as janelas abertas à noite. Ele liga o rádio e pega minha mão, segurando-a durante todo o trajeto até minha casa.
Quando chegamos a meu apartamento, abro a porta e caminho até a metade da sala de estar antes de me dar conta de que ele não me acompanhou. Dou meia-volta, e ele está encostado ao batente, como se não tivesse a menor intenção de entrar.

Noto uma expressão preocupada em seu rosto, então caminho de volta até a porta.

— Está tudo bem?

Ele assente, mas o gesto não convence. Os olhos passeiam pela sala, em seguida encontram os meus com muita gravidade. Eu estava me acostumando ao lado brincalhão e sarcástico de Patrick. Agora o lado intenso, sério, ressurgiu.
Patrick desencosta da porta e passa uma das mãos pelo cabelo.

— Talvez isso seja... muito intenso. Muito rápido.

Sinto o rosto esquentar; não de um jeito bom, mas de um jeito tão carregado de irritação que deixa o peito em chamas.

— Você está de sacanagem? Foi você que me obrigou a encontrar seus pais antes mesmo de eu saber seu sobrenome. — Levo a mão à testa, completamente atordoada com sua decisão de desistir agora. Depois de me foder. Dou uma risada, não acreditando em minha estupidez. — Isso é surreal.
Recuo para fechar a porta, mas ele avança e a abre, me puxando pela cintura.

— Não. — Ele balança a cabeça com convicção. — Não. — Ele me beija, mas se afasta antes que eu sequer tenha a chance de rejeitá-lo. — É só que... Deus, não consigo encontrar as palavras nesse momento. — Sua cabeça pende para trás, como se não fosse capaz de digerir a própria confusão. Ele me solta e segue para o corredor, então anda de um lado para o outro enquanto organiza os pensamentos. Parece tão atormentado quanto da primeira vez que o vi. Também estava andando de um lado para o outro naquele dia, do lado de fora do apartamento de Andrew.

Patrick dá um passo em minha direção, agarrando o batente da porta.

— Passamos um dia juntos, Ellem. Um. Tem sido perfeito e divertido, e você é tão bonita. Quero pegar você no colo e levar você até sua cama, e ficar dentro de você a noite toda, e amanhã, e depois, e é... — Ele passa uma das mãos pelo cabelo rebelde, depois aperta a própria nuca. — Está dando um nó em minha cabeça, e sei que, se não me afastar agora, vou ficar bem decepcionado quando você perceber que não sente o mesmo.

Levo pelo menos dez segundos antes de compreender tudo o que acabou de dizer. Minha boca se abre, e, antes que eu possa admitir que tem razão, que é mesmo tudo muito intenso e muito rápido, solto

— Sei o que quer dizer. É assustador.
Ele se aproxima.

— É.

— Você já se sentiu assim antes? Tão rápido?

— Nunca. Nem perto.

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