Capítulo 26

270 28 66
                                    

(AGORA)

N/A: a caixa vem aí 👀.

Amanhã faz três semanas que cheguei à casa de Chy, e não ouço a voz de Patrick desde que ele me deixou no aeroporto.

Ele me ligou uma vez, na semana passada, mas não atendi o celular. Mandei uma mensagem, dizendo que precisava de tempo para pensar. Ele respondeu com um Me ligue quando estiver pronta. Desde então, não me mandou mais nenhuma mensagem, e ainda não me sinto pronta para ligar.

Apesar de me sentir péssima, gosto mesmo de estar aqui com Chy. Não sei ao certo se porque tudo é novo e diferente, ou se porque me sinto alheia a todos os meus problemas. Não tenho passeado muito, por causa de meu estado.

Meu corpo ainda está dolorido e mais fraco do que de costume. Mas a casa de Chy e Eric é linda e relaxante, por isso não me importo em passar a maior parte do tempo aqui.
Já faz tanto tempo desde que Chy e eu tivemos um momento só para nós, então tenho aproveitado bastante, independentemente das circunstâncias de meu casamento.

No entanto, sinto falta de Patrick. Mas sinto falta do Patrick que se casou com a minha versão feliz. Combinávamos mais no início do que agora. Sei que é porque minhas peças do quebra-cabeça mudaram de forma mais que as dele.

Mas, embora me sinta a parte mais culpada do fracasso de nosso relacionamento, ainda assim isso não muda nada.

Essa viagem tem sido exatamente o que minha mente precisava... uma mudança de ritmo mais que necessária. Pela primeira vez, conversei honestamente com Chy sobre tudo o que estava acontecendo entre Patrick e eu.

O que mais gosto em minha irmã é que ela sabe escutar sem dar conselhos. Não preciso mesmo disso. Conselhos não vão mudar como me sinto. Não vão mudar o fato de que não posso engravidar. Conselhos não vão mudar o fato de que Patrick disse que se sentia arrasado por ainda não ser pai. Conselhos são bons apenas para elevar a autoestima de quem os dá. Então, em vez de conselhos, ela tem providenciado distração.

Não apenas de Patrick, mas de nossa mãe. Do trabalho. Da infertilidade. De Connecticut. Da minha vida inteira.

— Que tal essa cor? — Chy ergue uma amostra de tinta amarela.

— Muito... canário — respondo.
Ela baixa o olhar para a amostra e ri.

— É exatamente como é chamada. Canário.

Eric caminha até o fogão e levanta a tampa de uma panela, sentindo o cheiro do molho que está preparando. Estou sentada no bar com Chy, pesquisando possíveis cores para o quarto do bebê.

— Se soubéssemos o sexo, seria bem mais simples — argumenta Eric, tampando a panela outra vez, depois desliga o fogo.

— Não. — Chy se afasta do bar. — Decidimos que não queríamos saber. Só faltam dez semanas.
Tenha paciência.— Ela pega três pratos do armário da louça e os leva até a mesa.

Acrescento os talheres e os guardanapos enquanto Eric traz o macarrão.

Nenhum dos dois me fez sentir como se estivesse atrapalhando, mas começo a me preocupar que esteja. Três semanas é muito tempo para se hospedar na casa de alguém.

(im)perfeições Onde histórias criam vida. Descubra agora