(ANTES)
Por razões óbvias, nunca pedi nenhum favor a minha mãe. E é justamente por isso que liguei para meu padrasto e pedi permissão para usar sua casa de praia, em Cape Cod.
Ele a aluga na maior parte do tempo, e está sempre ocupada no verão. Mas estamos em fevereiro, e a casa ficou vazia a maior parte do inverno.Precisei engolir o orgulho ao fazer o pedido, mas foi muito mais fácil do que se tivesse que falar com minha mãe. Ela deixou claro, inúmeras vezes desde que conheceu Patrick, que eu podia ter arrumado um partido melhor. Na sua opinião, melhor partido significa alguém com uma casa de praia própria, e assim eu nunca precisaria pegar a dela emprestada para o fim de semana.
Patrick ficou andando pela casa por uma hora desde que chegamos aqui, reparando nas coisas com o entusiasmo de uma criança na manhã de Natal.
Ellen, olhe só essa vista!
Ellen, venha ver essa banheira!
Ellen, você viu a braseira?
Ellen, eles têm caiaques!Desde então, sua animação já diminuiu um pouco. Acabamos de jantar, e fui tomar um banho enquanto Patrick acendia o fogo.
Está quente, incomum para um fevereiro em Massachusetts, mas, mesmo em um dia agradável de inverno, mal chega aos dez graus, e a zero grau à noite. Levo um cobertor comigo até a braseira e me aconchego a Patrick no sofá do pátio.
Ele me puxa ainda mais para perto, me envolvendo com um dos braços, enquanto pouso a cabeça em seu ombro. Ele ajeita o cobertor ao nosso redor. Está frio, mas seu calor, somado ao do fogo, torna a temperatura tolerável. Confortável até.
Nunca vi Patrick tão relaxado como agora, ouvindo o barulho do mar. Amo seu modo de observar as ondas, como se elas tivessem a resposta para todas as perguntas do mundo. Ele olha para o mar com o devido respeito.
— Que dia perfeito — comenta ele, baixinho.
Sorrio. Fico feliz de saber que um dia perfeito para ele me inclua. Já faz seis meses que estamos namorando. Às vezes olho para ele e sou invadida por uma afeição avassaladora, quase me sinto tentada a escrever cartões de agradecimento a nossos ex. Foi a melhor coisa que já me aconteceu.
É estranho se sentir tão feliz com alguém, amando tanto essa pessoa, e ao mesmo tempo ter um medo latente permeando tudo, de um modo que jamais sentiu antes de conhecê-la. O medo de perdê-la. O medo de magoá-la. Imagino que seja assim quando se tem filhos. Com certeza, é o mais incrível tipo de amor que se pode vivenciar, mas também o mais aterrorizante.
— Você quer ter filhos? — Praticamente deixo escapar a pergunta. Estava tudo tão quieto entre nós, e, de repente, quebro o silêncio com uma pergunta cuja resposta pode determinar nosso futuro. Sutileza não é meu forte.
— Claro. E você?.
— Sim. Quero um monte de filhos.
Patrick solta uma risada— Quanto é um monte?.
— Não sei. Mais de um, menos de cinco.
Afasto a cabeça de seu ombro e o encaro.
— Acho que eu seria uma ótima mãe,
Não quero me gabar, mas, se tivesse filhos, estou certa de que seriam os melhores filhos de todos os tempos—
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(im)perfeições
FanfictionO casamento é tudo o que sonhavam, a parceria perfeita. Mesmo nos momentos difíceis, sabem que podem contar com o outro. Nenhum deles desiste do amor que sentem. Até que a primeira nota dissonante abala a sinfonia do casal. Até que Ellen parece esta...