(im)perfeições

Capítulo 7

(ANTES)

Tem sido difícil esquecer Andrew. Bem, não Andrew.. Perder o relacionamento foi pior que perder Andrew. Quando você se conecta a uma pessoa por tanto tempo, é difícil ficar sozinha outra vez.

Levou alguns meses antes que eu finalmente apagasse cada vestígio dele do apartamento. Eu me livrei do vestido de noiva, das fotos, dos presentes que ele me deu ao longo dos anos, das roupas que me faziam lembrar dele. Até comprei uma cama nova, embora isso tenha mais a ver com o fato de querer uma nova do que com as memórias de Andrew.

Já faz seis meses, e a única razão para eu estar em um segundo encontro com esse tal de Jason é porque o primeiro não foi um completo desastre.
E Chy me convenceu.

Por mais que minha mãe amasse Andrew e ainda deseje que eu o perdoe, acredito que vá gostar ainda mais de Jason. O que deveria ser um ponto positivo, só que não é. Minha mãe e eu temos gostos bem diferentes. Estou torcendo para que Jason diga ou faça algo que minha mãe não aprovaria, e assim eu possa me sentir um pouco mais atraída por ele.

Ele já repetiu várias perguntas que me fez na última sexta-feira. Perguntou quantos anos eu tinha, e eu respondi que tinha 25, a mesma idade que na sexta passada. Me perguntou quando fazia aniversário, e eu disse que ainda no dia 10 de novembro.
Eu me esforço para não ser uma vaca, mas ele não está ajudando. É bem óbvio que não prestou a menor atenção em nada do que eu disse semana passada.

— Então você é de Escorpião?— pergunta ele.
Assinto com a cabeça.

— Sou Aries.
Não faço ideia do que isso diz a seu respeito. Astrologia nunca foi meu forte. Além do mais, é difícil me concentrar em Jason porque há algo muito mais interessante atrás dele.
A duas mesas, sorrindo em minha direção, Patrick. Assim que o reconheço, logo baixo meu olhar para o prato.

Jason diz algo sobre a compatibilidade entre escorpianos e Aries, e eu o encaro, torcendo para que não note o caos que sinto no momento. Mas minha resolução esmorece porque agora Patrick está de pé, Não posso evitar, então olho por cima do ombro de Jason e observo Patrick pedir licença a sua acompanhante. Ele olha em meus olhos e vem em nossa direção.
Aperto o guardanapo em meu colo, me perguntando por que, de repente, estou mais nervosa com a visão de Patrick do que jamais estive na companhia de Jason.
Faço contato visual com Patrick logo antes de ele alcançar minha mesa. Mas, tão logo eu o encaro, ele desvia o olhar. Assente com a cabeça uma vez, na direção em que caminha, e passa por nossa mesa, a mão mal roçando meu cotovelo. Um resvalar fugaz de seu dedo em minha pele. Eu ofego.

— Você tem irmãos?—
Pouso o guardanapo na mesa.

— Ainda só uma. — Arrasto a cadeira. — Já volto. Preciso ir ao banheiro—
Jason se afasta da mesa, meio levantado enquanto coloco minha cadeira no lugar. Sorrio para ele e sigo para o banheiro. Para Patrick.

Por que estou tão nervosa?
Os banheiros ficam nos fundos do restaurante. É preciso entrar em uma divisória para encontrar o corredor. Patrick já dobrou a esquina, então hesito antes de fazer a curva. Levo a mão ao peito, esperando que, de alguma forma, o gesto acalme o que se passa ali dentro. E então exalo e entro na passagem.

Patrick está casualmente encostado à parede, a mão no bolso do terno. A visão tanto me excita quanto conforta, mas também me sinto mal por nunca ter ligado.