(ANTES)
N/A: finalmente vocês vão descobrir o que tem dentro da caixa.
Já faz cinco horas desde que dissemos sim em uma praia isolada, na presença de dois desconhecidos que encontramos minutos antes de nossos votos. E não tenho um arrependimento sequer.
Nenhum.
Não me arrependo de ter concordado em passar o fim de semana com Patrick na casa de praia. Não me arrependo de ter me casado cinco meses antes do planejado. Não me arrependo de ter mandado uma mensagem para minha mãe assim que a cerimônia terminou, agradecendo pela ajuda, mas avisando que não era mais necessária, pois já havíamos nos casado. E não me arrependo de, em vez de um jantar sofisticado no Douglas Whimberly Plaza, ter assado cachorros-quentes na braseira com Patrick, e comido biscoitos de sobremesa.
Acho que nunca vou me arrepender de nada disso. Algo tão perfeito nunca poderia ser causa de arrependimento.
Patrick abre a porta de correr de vidro e atravessa a varanda. Fazia muito frio para ficar aqui em cima em nossa primeira visita, há três meses, mas hoje a noite está perfeita. Uma brisa fresca sopra do oceano, balançando meu cabelo apenas o suficientepara afastá-lo do rosto. Patrick senta ao meu lado, me puxando para perto. Eu me aconchego a seu corpo.
Ele se inclina de leve e pousa o telefone ao lado do meu, na balaustrada a nossa frente. Patrick estava lá dentro, contando à mãe a novidade de que não haveria mais festa de casamento.
— Sua mãe ficou chateada? — pergunto.
— Está fingindo que ficou feliz por nós dois, mas sei que gostaria de ter estado presente.— Você se sente culpado?.
Ele ri.
— De jeito nenhum. Ela organizou a cerimônia de duas de minhas irmãs e agora está planejando o casamento da caçula. Tenho certeza de que se sente aliviada. É com minhas irmãs que estou preocupado.
Não tinha nem pensado nelas. Mandei uma mensagem para Chy ontem, no caminho para cá, acho que ela era a única que sabia. Chy e as três irmãs de Patrick seriam as madrinhas do casamento. Fizemos o convite na semana anterior.— O que elas disseram?.
— Ainda não falei com elas — responde ele. — Mas tenho certeza de que nem vou precisar. Aposto que minha mãe está no telefone com as três nesse instante.— Tenho certeza de que vão ficar felizes por você. Além do mais, elas conheceram minha mãe no domingo de Páscoa. Vão entender por que decidimos agir assim.
Meu telefone apita. Patrick estende o braço e o pega para mim. É óbvio que dá uma olhada na tela antes de me entregar. Quando vejo que é uma mensagem de minha mãe, tento tirar o telefone de sua mão, mas é tarde demais. Ele o puxa para mais perto e termina de ler o texto.
— Do que ela está falando?.
Leio a mensagem e começo a entrar em pânico.
— Não é nada.Por favor, Patrick. Deixe isso para lá.
Sinto que não é o que vai acontecer, porque ele me força a me ajeitar e a encará-lo.
— Por que ela escreveu isso?.
Baixo o olhar para o telefone mais uma vez. Para a terrível mensagem.
"Você acha que ele se apressou porque estava empolgado em se casar com você? Acorde, Ellen. Foi a melhor maneira de evitar o acordo"
— Acordo de quê? — pergunta Patrick.
Levo a mão ao coração e tento encontrar as palavras certas, mas parecem tão elusivas agora quanto foram nos últimos três meses que venho tentando evitar o assunto.
— Ela está falando sobre um acordo pré-nupcial.
— Para quê? — dispara Patrick. E consigo perceber o tom ofendido em sua voz.
— Ela está preocupada que meu padrasto tenha me incluído no testamento. Ou talvez ele já tenha feito isso, não sei. Faria mais sentido, já que ela tem insistido tanto para que eu converse com você sobre esse assunto.
— E por que não conversou?.
— Eu ia falar. É só que... Não achei necessário, Patrick. Sei que você não se casou comigo por isso. E, mesmo que o marido de minha mãe me deixe algum dinheiro no futuro, não me importo que nós dois herdemos.
Patrick engancha o polegar em meu queixo.
— Em primeiro lugar, você tem razão. Não dou a mínima para sua
conta bancária. Em segundo, fico muito irritado com o quanto sua mãe
trata você mal. Mas... por mais desprezíveis que sejam suas palavras às vezes, ela está certa. Você não devia ter se casado comigo sem um acordo pré-nupcial. Não sei por que nunca tocou no assunto comigo. Eu teria assinado sem discussão. Sou contador, Ellen. É a coisa certa a se fazer quando há bens envolvidos.
Não sei quais eram minhas expectativas, mas não esperava que ele concordasse com minha mãe.
— Ah, bem. Eu devia ter falado com você antes. Não pensei que a conversa seria assim tão fácil.
— Sou seu marido. Meu objetivo é facilitar as coisas para você, não torná-las mais difíceis. — Ele me beija, mas o beijo é interrompido pelo som de meu celular.
É outra mensagem de minha mãe.
Antes que eu possa terminar de ler, Patrick pega o telefone de minha mão.
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(im)perfeições
FanfictionO casamento é tudo o que sonhavam, a parceria perfeita. Mesmo nos momentos difíceis, sabem que podem contar com o outro. Nenhum deles desiste do amor que sentem. Até que a primeira nota dissonante abala a sinfonia do casal. Até que Ellen parece esta...