Capítulo 6

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(AGORA)

No dia que Chy se mudou para a Europa, ela me deixou um presente. Era um pacote de chá exótico, um suposto aliado contra a infertilidade. O problema era que o sabor dele fazia parecer que eu havia rasgado um saquinho de chá e derramado o conteúdo direto na língua, depois engolido com grãos de café.
Então... o milagre do chá da fertilidade estava fora de questão. Vou deixar a cargo do acaso novamente.
Decidi tentar por mais um mês. Talvez dois, antes de admitir a Patrick que desisto de vez.

Mais dois meses antes de dizer a ele que estou pronta para abrir a caixa de madeira em minha estante.

Estou sentada no balcão da cozinha, vestida com uma das camisetas de Patrick, quando ele entra pela porta. Balanço minhas pernas nuas, os pés apontando para o chão. Ele não me nota de imediato, mas, assim que o faz, só tem olhos para mim. Seguro o balcão entre as pernas, abrindo-as apenas o necessário para que ele entenda quais são meus planos para a noite.
Seus olhos estão fixos em minhas mãos enquanto afrouxa a gravata, tirando-a do colarinho antes de jogá-la no chão.
Isso é uma das coisas que mais amo no fato de ele chegar do trabalho depois de mim.
Todo dia, posso assistir enquanto tira a gravata.

— Alguma ocasião especial? — Ele abre um sorriso enquanto me analisa completamente de uma só vez.

Caminha em minha direção, e eu lhe dou meu melhor sorriso sedutor. Aquele que diz que quero deixar toda a farsa para trás por uma noite. A farsa de que estamos bem, a farsa de que estamos felizes, a farsa de que essa é exatamente a vida que escolheríamos se a escolha fosse nossa.

Quando me alcança, seu paletó se foi e os primeiros botões da camisa estão desabotoados. Ele tira o sapato ao mesmo tempo em que as mãos deslizam por minhas coxas. Enlaço seu pescoço, e ele se aperta contra mim, pronto e ansioso. Os lábios encontram meu pescoço, depois meu queixo e então pressionam gentilmente minha boca.

— Onde você quer que eu a possua?—
Ele me levanta e me segura no colo enquanto engancho as pernas ao redor de sua cintura.

— No nosso quarto — sussurro em seu ouvido.
Mesmo já tendo desistido de engravidar, é claro que ainda me prendo a um pequeno fiapo de esperança, pelo menos uma vez ao mês.

Não sei se isso significa que sou forte ou patética. Às vezes me sinto as duas coisas.

Patrick me coloca na cama, nossas roupas cobrindo a distância entre a cozinha e o quarto, como migalhas marcando o caminho. Ele se posiciona entre minhas pernas e então me penetra com um gemido. Eu o recebo em silêncio.

De todas as maneiras possíveis, Patrick é coerente fora do quarto. Mas, dentro dele, jamais sei o que esperar. Às vezes ele faz, mas outras vezes é descontrolado, rápido e egoísta. Às vezes é expansivo quando está dentro de mim, sussurrando palavras que me fazem amá-lo ainda mais.
Mas outras vezes parece zangado e barulhento, e diz coisas que me deixam envergonhada.

Com ele, nunca sei o que vou enfrentar
Isso costumava me excitar.
Mas agora prefiro apenas uma de suas muitas facetas no quarto. O lado descontrolado, rápido e egoísta de Patrick. Eu me sinto menos culpada quando consigo esse lado dele porque, ultimamente, a única coisa que espero do sexo é o resultado final.

Infelizmente, não é a versão egoísta de Patrick que encontro no quarto esta noite. Esta noite, ele é o exato oposto do que preciso. Ele saboreia cada momento, me penetrando com investidas controladas enquanto prova todos os detalhes de meu pescoço e meu colo. Tento me sentir tão envolvida quanto ele, às vezes pressionando meus lábios em seu ombro ou puxando seu cabelo. Mas é difícil fingir que não anseio para que acabe logo. Viro o rosto para o lado, permitindo que ele deixe sua marca em meu pescoço enquanto espero.

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