(ANTES)
— Estou com saudades. — Tento não fazer beicinho, mas é uma ligação e ele não pode me ver, então franzo os lábios.— Nos vemos amanhã —
assegura ele—Prometo. Só tenho medo de estar sufocando você e você ser boazinha demais para me dizer.— Não sou. Sou má e brusca e diria para você ir embora se eu realmente quisesse isso. — É verdade. Eu diria a ele se precisasse de espaço. E ele me daria, sem questionar.
— Passo aí amanhã, assim que sair do trabalho, então pego você e vamos ver sua mãe.
Suspiro.
— Ok. Mas vamos transar antes de ir para a casa de minha mãe, porque já estou estressada.
Patrick ri, e posso dizer, por sua risada, que está pensando em sacanagem. Ele tem diferentes risadas para diferentes reações, e aprender a diferenciá-las tem sido um de meus passatempos prediletos. Minha risada favorita é a que ele solta de manhã, quando conto o que sonhei na noite anterior. Ele sempre acha que meus sonhos são engraçados, e há uma rouquidão em sua risada matinal porque ainda não está completamente desperto.
— Vejo você amanhã — diz, baixinho, como se já sentisse minha falta.
— Boa noite. — Desligo depressa. Não gosto de falar com Patrick ao telefone, porque ele ainda não disse que me ama. Eu também não disse a ele. Então, quando estamos nos despedindo, fico apavorada que seja o momento que ele vai escolher para se declarar. Não quero que a primeira vez seja em uma conversa por telefone. Quero que ele se declare quando estiver olhando para mim.
Passo as duas horas seguintes tentando lembrar como era minha vida antes de Patrick. Tomo um banho sozinha, assisto à TV sozinha, jogo no celular sozinha. Pensei que talvez fosse legal, mas estou basicamente entediada.
É estranho. Fiquei com Andrew por quatro anos e devia passar uma ou duas noites por semana com ele. Amava ter tempo para mim quando Andrew e eu estávamos namorando. Mesmo no início. Ficar com ele era legal, mas ficar sozinha também era.
Não é assim com Patrick. Depois de duas horas, surto com o tédio. Acabo desligando a televisão, o celular e a luz. Quando tudo está no escuro, tento clarear os pensamentos para dormir e poder sonhar com ele.
* * *
O despertador começa a tocar, mas está tão claro que pego um travesseiro e o coloco sobre o rosto. Em geral, Patrick está aqui e sempre desliga o alarme para mim e me dá alguns minutos até eu acordar de vez. O que significa que meu despertador não vai parar se eu não tomar coragem.Movo o travesseiro e assim que estendo a mão para o despertador, ele para.
Abro os olhos e vejo Patrick rolando de volta para me encarar. Está sem camisa e parece ter acabado de acordar.
Ele sorri e me dá um selinho.— Não consegui dormir —
explica ele. —Depois da meia-noite, finalmente desisti e vim para cá.Eu sorrio, muito embora seja cedo demais para ter vontade de sorrir.
— Você sentiu minha falta.
Patrick me puxa para si.— É estranho. Eu costumava ficar bem sozinho. Mas agora que tenho você, me sinto solitário quando estou sozinho.
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(im)perfeições
FanfictionO casamento é tudo o que sonhavam, a parceria perfeita. Mesmo nos momentos difíceis, sabem que podem contar com o outro. Nenhum deles desiste do amor que sentem. Até que a primeira nota dissonante abala a sinfonia do casal. Até que Ellen parece esta...