(AGORA)
— Ellen.
Sua voz soa rouca em meu ouvido. É a primeira manhã, depois de um longo tempo, em que eu havia sido capaz de acordar com um sorriso no rosto. Abro os olhos, e Patrick parece uma pessoa completamente diferente do homem arrasado que entrou pela porta da casa de Chy e Eric, ontem à noite. Ele beija meu rosto, em seguida se afasta, tirando meu cabelo do rosto.
— O que eu perdi enquanto você dormia?.
Senti tanta falta daquelas palavras. É uma das coisas das quais mais havia sentido saudade entre nós. Significam ainda mais agora, pois sei que só parou de perguntar porque não queria me magoar. Estendo a mão para seu rosto e acaricio sua boca com o polegar.
— Sonhei com nós dois.
Ele beija a ponta de meu dedo.— Foi um sonho bom ou um sonho ruim?.
— Bom — respondo. — Mas não foi um clássico sonho louco. Era quase uma memória.
Patrick coloca a mão entre a cabeça e
o travesseiro.— Quero saber de cada detalhe.
Espelho sua posição, sorrindo, quando começo a lhe contar sobre o sonho.
— Era nosso primeiro aniversário de casamento. A noite em que decidimos começar uma família. Eu perguntei como você imaginava que estaríamos daqui a dez anos. Você lembra?—
Patrick balança a cabeça.
— Vagamente. Como imaginei que estaríamos?.
— Você disse que teríamos filhos e que eu ia dirigir uma minivan e que iríamos viver em uma casa com um quintal espaçoso, onde brincaríamos com as crianças. — O sorriso de Patrick vacila. Desfaço sua carranca com os dedos, querendo ver seu sorriso outra vez. — É estranho, porque esqueci completamente dessa conversa até que sonhei com ela noite passada. Mas não fiquei triste, Patrick. Porque, depois, você disse que poderíamos não ter nada disso. Disse que havia uma chance de pularmos de emprego em emprego, e que talvez não conseguíssemos ter filhos. E que, talvez, nada entre nós estivesse diferente daqui a dez anos, e que tudo que teríamos seria um ao outro—
— Eu me lembro disso — sussurra ele.
— Você se lembra do que eu respondi?.
Ele balança a cabeça.— Eu disse: “Também soa como a vida perfeita.”Patrick ofega, como se tivesse esperado uma vida inteira pelas palavras que estou lhe dizendo.
— Me desculpe por ter me esquecido do que realmente importa — murmuro.
— De nós. Você sempre bastou para mim. Sempre.Ele me encara como se tivesse sentido falta de meus sonhos tanto quanto de mim.
— Amo você, Ellen.
— Também amo você.
Ele pousa os lábios em minha testa, depois em meu nariz. Eu o beijo no queixo, e ficamos deitados, aconchegados um ao outro.
Pelo menos até o momento ser arruinado pelo ronco de meu estômago.
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(im)perfeições
FanfictionO casamento é tudo o que sonhavam, a parceria perfeita. Mesmo nos momentos difíceis, sabem que podem contar com o outro. Nenhum deles desiste do amor que sentem. Até que a primeira nota dissonante abala a sinfonia do casal. Até que Ellen parece esta...