Bônus

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— Espere, olhe para isso! — Puxo Patrick pela mão, fazendo-o parar na calçada outra vez. Mas não posso evitar. Quase todas as lojas dessa rua vendem as roupas de criança mais fofas que eu já tinha visto, e Max ficaria adorável no conjunto da vitrine.

Patrick tenta continuar andando, mas eu o puxo pela mão até que ele se rende e entra na loja comigo.

— Quase chegamos ao carro — brinca ele. — Foi por pouco.

Empurro as sacolas com roupas de criança que já havia comprado para cima de Patrick e então vou atrás da arara com roupas de bebê.

— Compro a calça verde
ou a amarela?.— Eu mostro as duas para Patrick.

— Definitivamente, a amarela — responde ele.

A verde é mais fofa, mas respeito a escolha de Patrick simplesmente porque se deu o trabalho de opinar. Ele odeia comprar roupas, e aquela provavelmente era a nona loja em que o obriguei a entrar.

— Prometo que essa é a última. Então podemos voltar para casa. — Dou um rápido beijo em seus lábios antes de me encaminhar para a caixa. Patrick me segue e tira a carteira do bolso.

— Você sabe que não me importo, Ellen. Faça compras o dia todo, se quiser. Só se faz 2 anos uma vez na vida—
Entrego as roupas à caixa.

— Essa roupa é minha preferida — diz ela, em um carregado
sotaque italiano— Ela ergue o olhar e pergunta: — Quantos anos tem seu garotinho?.

— É nosso sobrinho. Amanhã é aniversário dele.

— Ah, perfeito. Quer embrulhar para presente?.

— Não, uma sacola está ótima.

Ela diz o total e, enquanto Patrick paga, a mulher do caixa olha para mim novamente.

— E vocês dois? Têm filhos?.

Sorrio e abro a boca, mas Patrick é mais rápido.

— Temos seis filhos — mente. — Mas são adultos e já saíram de casa.

Tento não rir, mas, desde que decidimos mentir para desconhecidos sobre nossa infertilidade, aquilo se tornou uma competição para ver quem conseguia ser mais ridículo. Em geral, Patrick vence. Semana passada, ele disse a uma senhora que tínhamos quádruplos. Agora, tenta convencer alguém que um casal de nossa idade já teria seis filhos crescidos, morando fora de casa.

— Seis meninas — acrescento—Ficamos tentando um menino, mas não era para ser.

A caixa fica de boca aberta.

— Vocês têm seis filhas?.

Patrick pega a sacola e a nota fiscal.

— Sim. E duas netas.

Ele sempre exagera. Seguro a mão de Patrick e balbucio um “obrigada” para a moça, puxando-o para fora tão rápido quanto o trouxe para dentro. Quando estamos de novo na calçada, dou um tapa em seu braço.

— Você é tão bobo — digo, rindo.
Ele entrelaça nossos dedos enquanto começamos a caminhar.

— Devíamos inventar nomes para nossas filhas
imaginárias— sugere ele.— Caso alguém insista nos detalhes.

(im)perfeições Onde histórias criam vida. Descubra agora