capítulo 13

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(ANTES)

Cada minuto que passei com ele hoje me surpreendeu mais que o anterior.
Toda vez que abre a boca ou sorri ou me toca, só consigo pensar:

No que diabos Rose estava pensando quando decidiu trair esse homem com Andrew?

Azar de umas, sorte de outras.

A casa de seus pais é tudo o que imaginei que seria. Cheia de risos, histórias e pais que olham para o filho como se ele tivesse caído direto do céu. Patrick é o mais novo de quatro irmãos e o único menino. Não encontrei nenhuma de suas irmãs hoje, porque duas delas vivem em outro estado e a terceira precisou furar o jantar.

Patrick se parece com o pai, um homem forte, com olhos tristes e uma alma alegre. A mãe é toda pequena. Mais baixa que eu, mas transmite uma aura de confiança ainda mais impressionante que a de Patrick.
Ela me trata com desconfiança. Parece querer gostar de mim, mas é como se também não quisesse ver o filho de coração partido outra vez. Ela deve ter gostado de Rose  em algum momento. Tenta arrancar algo sobre nosso “relacionamento”, mas Patrick não lhe dá nada de concreto.

— Há quanto tempo estão saindo juntos?—

— Faz um tempo — responde ele, colocando o braço sobre meus ombros.
Um dia.

— Patrick já conheceu
seus pais, Ellen?—

— Algumas vezes. Eles são ótimos —
diz Patrick.

Nunca. E eles são terríveis.
A mãe sorri.

— Que ótimo. Onde se conheceram?—

— No prédio de meu escritório—
Não sei nem onde ele trabalha.

Patrick está se divertindo. Toda vez que inventa uma história sobre nós, aperto sua perna ou o cutuco enquanto tento engolir o riso. A certa altura, ele diz à mãe que nós nos conhecemos por causa de uma máquina automática.

— O pacote de balas dela ficou preso na máquina, então coloquei um dólar e comprei um para mim também, tentando soltar o dela. Mas você não vai acreditar no que aconteceu. — Ele olha para mim, me encorajando
a terminar a história.
— Conte a eles o que houve, Ellen.—

Aperto sua perna com tanta força que ele estremece.

— A máquina engoliu o pacote de balas dele também — invento.
Patrick ri.

— Dá pra acreditar? Nenhum de nós conseguiu as balas. Então levei Ellen à praça de alimentação para almoçar, e o desenrolar dessa história vocês já sabem—
Precisei morder a bochecha para segurar o riso. Por sorte, ele estava certo quanto à comida da mãe, então passei o restante da refeição com a boca cheia. A mãe dele é uma excelente cozinheira.

— Quer conhecer a casa? — pergunta Patrick , quando ela vai até a cozinha para terminar a torta.

Pego sua mão, e ele me conduz para fora da sala de jantar. Assim que ficamos a sós, eu lhe dou um tapinha.

— Você mentiu para seus pais, tipo, umas vinte vezes em menos de uma hora!—
Ele segura minhas mãos e me puxa para perto.

(im)perfeições Onde histórias criam vida. Descubra agora