Capítulo 8

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Hoje é o dia que o Diretor Nezu irá vir me testar. Essas três semanas foi muito divertida, acabei adotando uma rotina que consistia em acordar, tomar café, fazer os exames de sempre, tomar banho e aproveitava para libertar minhas asas, caldas e orelhas, tentado tratar as asas quebradas, mas elas não estavam melhorando, depois do banho ia almoçar, depois de um descanso pós almoço lendo um dicionário em inglês no jardim na parte debaixo do hospital ia estudar até o entardecer, de noite via os documentários sobre heróis até a hora de dormir.

Essa era minha rotina, mas as vezes apareciam umas pessoas para me fazer companhia, soube que o doutor tinha uma filha de 5 anos e uma esposa, ele era um pai e marido babão, também sei que o nome da enfermeira que me ajudava era Clarisse e ela era Americana e namorava um herói.

As mães dos três heróis que me salvaram vieram uma vez por semana, me ajudaram nos estudos e me ensinaram sobre a mundo da moda e até mesmo culinária, me falaram também que quando tiver alta vão me levar para fazer compras. Aprendi umas coisas sobre elas também, como que a Inko não tinha um marido, a Mitsuki era casada e uma heroína e Rei tinha um relacionamento complicado com seu marido, sem contar do orgulho enorme pelos seus filhos.

Fiquei sabendo que o Diretor viria a tarde, então minha rotina de manhã era a mesma, com o Doutor ainda incomodado com a dor misteriosa, tomei banho rápido, não dei tempo para as partes escondidas.

Depois do banho peguei meu dicionário completamente marcado nas partes que não entendia e fui ate o jardim, sentei e senti o cheiro das flores que estavam em volta do banco, olhei para a fonte que estava em minha frente fechando os olhos escutando a água cair, escutei passarinhos para cima e olhei para o céu, aquela imensidão azul me encarava de volta, o vento batia de leve mexendo no cabelo escondido por um capuz, tinha ganhado uma blusa de frio vermelha do Doutor, tudo estava tão belo. Voltei minha atenção ao diário e fiquei um tempo por lá só curtindo o momento.

Mais a tarde voltei para o quarto e sentei na cama, peguei um livro sobre uma matéria mais avançada e comecei a ler para passar o tempo, fiquei nisso até o Diretor chegar.

- Ola, Scarlett! - escuto a voz do Diretor, olho na direção do mesmo e percebo que ele veio acompanhado de dois homens que eu não conhecia.

Entrei em estado de alerta, um tinha o cabelo na altura dos ombros pretos, olheiras nos olhos pretos, tinha uma cicatriz perto de um dos olhos e tinha o semblante de sono. Já o outro era diferente, tinha os cabelos loiros um pouco bagunçado, ele meio que parecia um esqueleto, os olhos azuis estavam fundos e era mais baixo que o companheiro ao seu lado.

Mas logo que escutei seus sons e senti seus cheiros me acalmei, eram boas pessoas. Eles tinham o som gentil e forte, me fizeram confiar neles e acalmar meu coração. Será que eram heróis?

- Esses são os professores da minha escola, All Migth e Aizawa, professores essa é a garota que eu queria que vocês conhecessem, Scarlett - o Diretor sorria animado.

Olhei para os dois homens atras deles, o maior me olhou, estava me examinando, e o outro sorriu na minha direção.

- Olá, minha jovem! - sorri o menor vindo na minha direção com a mão estendida que logo aperto - sou All Migth, um dos professores da escola U.A, é um prazer conhecer você!

Sorrio para o mesmo gentilmente jogando a cabeça um pouco para o lado, ele era diferente, parecia esconder algo e também não esconder nada, um coração puro e alegre, um bom homem. O de cabelo preto chegou mais perto e segurou uma mecha dos meus cabelos brancos gentilmente, parecia examinar algo neles que eu não entendia.

- Parece os de Eri - sussurra baixo, depois solta o mesmo se afastando - sou o professor Aizawa, prazer conhecê-la!

Já esse fala bocejando, parecia cansado, com sono, muito sono mesmo, o que me fez achar engraçado.

- O prazer é todo meu, professores! - falo com um pequeno sorriso de canto. O outro também era bom, talvez preguiçoso, mas muito bom.

- Trouxe eles para te avaliarem, Scarllet - fala o diretor andando na minha direção com alguns papéis em mãos - você irá fazer uma prova e dependendo do resultado você irá entrar para minha escola.

Quando ele fala aquilo minha cabeça explode por dentro. Escola? A escola de super heróis? A melhor escola? Porque? Não tenho individualidade, nem nada.

- Será dois tipos de prova, uma escrita e outra física - fala ele sem olhar em minha direção, os outros professores me olhavam com receio - hoje vamos fazer a escrita e de acordo com suas notas, logo vamos fazer a prova física.

- Espera, espera, espera, um minutinho, por favor! - falo passando a mão em meu rosto e pelos meus longos cabelos brancos - porque me querem em sua escola? Não tenho individualidade. - vejo os dois homens me olharem assustados, mas o diretor somente sorriu.

- Sera que realmente não tem? Sinto algo de você, Scarlett! Meus instintos animais me manda confiar mais que preciso em você, então é o que vou fazer. - sorriu para mim esperançoso.

Fico um pouco vermelha com o que ele falou, nunca ninguém acreditou tanto em mim antes a não ser as crianças. O que devo fazer? Se eu o decepcionar? Olho para o chão com receio, foi ai que sinto a mão de alguém no meu ombro, o que me assustou.

- Garota, não deve ter medo de algo que nem tentou, já tem o não, vai atrás do sim - era o professor Aizawa, ele estava tentando me encorajar.

- Não quer ser uma heroína? - pergunta o professor All Migth.

- Quero que os sorrisos das pessoas não somem - falo olhando para o céu e sua beleza - quero que as pessoas se sentem seguras mesmo no mundo com tantos defeitos - lembro de cada criança e cada sorriso que deram mesmo em uma situação tão crítica, lembro do brilho indo embora em alguns momentos - mas não quero ser vista por todos, quero estar por trás dos sorrisos das pessoas, quero ajudar a se sentirem bem, mas não quero que olhem para mim e vejam meus erros - olho para eles que me olham surpresos, olho para o Diretor que sorri satisfeito - tem como existir uma super heróina que não trabalhe na frente dos holofotes? Que possa ver os sorrisos das pessoas sem ser vista?

- Não totalmente visível, mas memorável. Não será como o herói número 1, mas pode se tornar a melhor heroína das trevas - fala o Diretor - será vista mas terá outros também sendo vistos, então não será o centro das atenções. O que me fala, Scarlett? Quer tentar?

Sorrio, lembro de ter lido sobre os heróis das trevas, são heróis escolhidos a dedo que podem trabalhar por detrás das cortinas a poder dos presidentes do mundo, posso usar seus nomes pois eles confiam enormemente em você, não importaria de trabalhar assim.

- Vou me esforçar para ser uma heroína das trevas, vou lutar e cuidar de cada pessoa possível e de seus sorrisos - sorrio alegre enquanto falava isso.

Era um novo recomeço, um novo capítulo, minha nova vida. Vou deixar para trás tudo que me fez mal e andar para frente, construir minha vida. Olho para os três seres na minha frente, eles me olham de volta, agora nós olhos dos dois professores não tinham mais receio, e sim esperança e animação, também estão contando comigo.

Pego a prova e os matérias de escrita que estavam nas mãos do Diretor e vou até a mesa que tinha no quarto, me sento na mesma e começo a fazer a prova que vai revolucionar a minha vida, o que vai acontecer daqui para frente será tudo por meu puro esforço e determinação. Com isso em mente faço a prova toda com um sorriso sonhador.

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