Capítulo 15

928 119 1
                                    

  Estava parada na entrada da casa, os sons das crianças estavam mais vividos e eu podia jurar que escutei Neko gritar o nome de Yumi, uma das outras crianças que estava comigo, sentia meu rabo balançar rapidamente, quero entrar, quero ver eles.

— Ei, raposa inútil! – escuto Katsuki me chamar me tirando do transe, olho para o mesmo – bate na merda da porta logo e entra, esses pirralhos já estão me irritando, eles só sabem perguntar de você e sua condição.

  Nesse momento ele me deu a certeza, são eles. Com um aperto forte no coração e sentindo meus olhos de encherem de lágrimas bato da porta, cada batida fazia meu coração acelerar mais. Quem abre a porta é o professor Aizawa, ele me olha com a típica cara dele de sono e abre um sorriso preguiçoso, só de olhar para ele me deu sono.

— Finalmemte chegou! – exclama ele, sorrio para ele, minha calda agora era como um chicote – eles estão jantando agora, vamos até a sala de jantar.

  Depois de falar isso ele sai andando e eu vou atrás, nenhuma palavra saia da minha boca, estava tão ansiosa para ver os rostinhos de cada um que não consegui prestar atenção no local, só queria vê-los.

  Andamos um pouco e paramos em uma sala gigante com uma grande mesa para que todas as crianças possam sentar, a sala era branca e tinha alguns lustres nos tetos, era linda e limpa. Sorrindo olho para a mesa e vejo os meus irmãos e minhas irmãs, estavam tão entretidos na comida que não tinha notado minha presença, estavam todos limpos, com roupas que tinha o tamanho adequado para cada um e estavam um pouco mais gordinhos.

  Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto seguidas de muitas outras, eles estavam bem, eu estava bem. Nesse momento a mais velha de todas, me nota e congela, ela tenta falar, mas nada saia, só sons estranhos.

— O que foi, Ana? Está engasgada? – pergunta o Dani preocupado, ele estava sentado do seu lado, uma das crianças mais novas tendo só 4 anos, tinha os olhos azuis escuros e o cabelo azul em um tom bem clarinho.

  Ana sem conseguir falar aponta na minha direção, nessa hora todos olharam na direção que apontarau e vejo o semblante de todos mudarem, primeiro ficaram confusos e depois o reconhecimento era presente em seus rostos.

— SCARLETT! – se é escutado um coral das crianças enquanto todas se levantaram e correram na minha direção.

  Doze crianças se jogaram em cima de mim fazendo eu cair com elas no chão, nessa hora o choro de alívio, felicidade, saudade, angústia era presente no cômodo, essas lágrimas estavam limpando cada dor e tristeza que passamos, estávamos ficando limpos dos sentimentos ruins.

  Éramos 38 experimentos no começo e nesse momento lembro de cada rosto que esteve com a gente, de todos que morreram, de todos que passaram pela minha vida e não pude salvar, mas doze, doze lindas joias eu consegui, minhas crianças que não estavam mais com a gente, eu consegui comprir a promessa de salvar algumas vidas do inferno que passamos. Nesse momento, de olhos fechados e abraçada com as coisas mais preciosas da minha vida, pude ver o rosto daqueles que já se foram sorrir para mim e ir embora, na direção da luz, agora eles poderiam descansar em paz.

  O choro depois de um tempo se foi, dando lugar a perguntas das crianças, muitas perguntas para ser mais exata, rio disso enquanto enxugava minhas lágrimas. Olho para trás e vejo todos olhares para a gente felizes, sorrio para eles de volta e me levanto.

— Crianças, vou contar tudo para vocês enquanto comem, se não comerem nada será dito – ao terminar de falar elas correram para a mesa e se sentaram, sorrindo ando até uma ponta da mesa me acomodando e conto a história, tirando a asa quebrada, de como foi estar no hospital e quem eu conheci, nesse meio tempo os outros que estavam comigo se juntaram a conversa dando palpites na parte em que pareciam fazendo as crianças darem risadas, foi o jantar mais divertido que já tive e daqui para frente vou fazer de tudo para que venha ter vários outros.

  Nesse momento estávamos sentados na sala de televisão, foi assim que chamaram aquele lugar, tínhamos colocado colchões espalhados por toda sala fazendo uma grande cama, claro que pedi permissão ao Diretor e aos professores antes. Estávamos as crianças, Izuko, Shoto, Katsuki e eu na sala vendo uma grande coisa preta que passa imagens coloridas, estava fascinada pelo tal objeto mágico que chamam de televisão, ele passava uma coisa chamada anime por ela.

  Já estávamos um tempo vendo o anime, todas as crianças estavam dormindo e somente eu e os três estávamos acordados, abaixo o som até não ouvir nada e falo baixo para não acordar as crianças.

— Obrigada! – falo com toda a sinceridade que eu podia por nessa palavrinha tão pequena – não sei nem como recompensar vocês.

— Não é preciso! – resmungou Katsuki – só fizemos o que foi mandado.

— Mesmo assim, – falo olhando para o mesmo, ele estava ao meu lado com a cabeça de uma das crianças corajosas no colo, algumas tinha medo dele, mas outras gostavam de o provocar, o que arrancava gargalhadas de muitos – muito obrigada!

  Dessa vez falo olhando para os três com um sorriso, Izuko estava do meu outro lado e Shoto estava do lado de Izuko, os dois sorriam de volta para mim e escuro Katsuki soltar um resmungo.

  — Vocês devem ter muitas perguntas, não é? – pergunto para eles – Já que nós salvaram, nada mais justo que falar para vocês o que aconteceu comigo nesses meus anos de vida.

— Não precisa falar se sentir desconfortável! – fala apressado Izuko um pouco mais alta fazendo algumas crianças se mexerem por causa do barulho, o mesmo tampa a boca rapidamente quando percebe o que fez me fazendo soltar um riso baixo.

  Mesmo ele falando isso podia ver a curiosidade nos olhos dos meus salvadores, eles não queriam saber atoa, eles queriam entender minhas dores e incertezas, seus corações mostravam que queriam ajudar, com esse pensamento sorrio.

— Não tem problema, quero contar para vocês! – ao falar isso vejo eles ficarem atentos.

  Com isso, começo a contar minha história de vida, do começo até hoje, durante a história eu era interrompida por comentários nervosos de Katsuki e Shoto, enquanto Izuko ficava preocupado. Quando acabo faltava pouco para o Katsuki explodir, Shoto olhava para frente, mas seu rosto mostrava a raiva que sentia, porém o que me deu mais medo foi ver o mais puro ódio nos olhos de Izuko.

— Como poderam fazer isso com você e as crianças? – pergunta Izuko, sua voz baixa estava estranha, o que era antes tão gentil estava raivoso.

— Inacreditável! – fala Shoto, sua voz tremia de tanta raiva.

— Bandos de merdas demoníacas! – fala Katsuki controlando para não explodir – devemos matar todos eles.

  Rio deles e me deito no colchão abraçando Miguel que estava em meu colo, tudo que eu contei parecia estar tão distante, sorrio para eles, sonolenta.

— É por isso que agradeço a vocês! – falo bocejando – vocês salvaram as crianças e se deram o trabalho de me salvar.

— Mas é claro! – fala Katsuki fazendo nos três olhar para ele assustado, o mesmo coloca a mão no tomo da minha cabeça e faz um carinho na mesma, me fazendo ficar com mais sono ainda – não íamos deixar você morrer, nem as crianças iriam permitiria esse ato.

  Depois dessas palavras sussuradas serem faladas sinto o cansaço me levar para o mundo do sono, uma imensidão calma me envolve e eu durmo uma noite tranquila sem sonhos e nem pesadelos.
 

O Segredo Da Caverna Onde histórias criam vida. Descubra agora