"Sempre temeremos perder aqueles que amamos".
— Lady Anastácia Lumb
A carruagem seguiu rápido até a residência de Anastácia. Matthew acolheu a amiga nos braços durante todo o percurso. Any não chorou, mas todo seu corpo ficou rígido feito uma pedra; estava tensa e Matt não soube o que fazer para confortá-la. Sabia que a ela precisava ver o pai, e, só assim, talvez seria capaz de se sentir melhor.
Quando o transporte enfim parou no destino tão aguardado, lady Lumb desceu aturdida e correu em uma velocidade impressionante para dentro de da casa, procurando pelo pai.
Matthew apenas deu a ordem para que o cocheiro retornasse para junto de sua residência e rapidamente foi atrás de sua amiga. Não a deixaria sozinha, aquilo era um fato.
Any disparou pelo pela antessala feito um furacão, ergueu a barra do vestido e subiu a escada saltando dois degraus por vez. Não viu nada ao redor além da porta ao final do corredor em que o pai se encontrava.
Adentrou no cômodo, apavorada, com o coração batendo acelerado no peito e choro preso na garganta. Encontrou Thomas Lumb deitado na cama, sob uma coberta, imóvel, os olhos estavam fechados e Any pensou o pior.
— Pai! — gritou, desesperada, ao debruçar sobre o homem de idade avançada e ficou momentaneamente aliviada ao ouvir as fracas batidas de um coração.
Ele estava vivo! Para alívio da lady, o homem não morrera, fora apenas um susto; o pior de todos.
— Lady Lumb... — disse a voz familiar do homem que estava parado ao lado da cama. — Ministrei uma dose de morfina para aliviar a dor. Seu pai ficará desacordado por um longo tempo.
Anastácia finalmente ergueu o olhar e encarou o doutor Alan Sylver que há tempos acompanhava a saúde do duque.
— Entendo. — foi tudo que conseguiu dizer.
— Podes me acompanhar a um local privado? Há algo que eu devo lhe dizer. — pediu o médico.
Lady Lumb conjurou toda sua força, colocou-se em pé e proferiu com firmeza:
— Acompanhe-me até o escritório.
Ambos deixaram o quarto, seguiram espantosamente calados até ao andar de baixo e entraram em silêncio no escritório que ainda pertencia ao duque de Pennesburg. Any fechou a porta de modo a garantir privacidade e soube — mesmo que tentasse negar —, que o médico tinha algo muito ruim a dizer.
— Sabe que tenho acompanhado seu pai há muito tempo. — começou o homem que, por um instante, pareceu velho demais para idade, embora não passasse dos quarenta anos.
Any concordou com um leve balançar de cabeça.
— Anastácia — chamou-a pelo nome de batismo pela primeira vez. — És a mulher mais inteligente que eu conheço sei que compreenderá o que lhe explicarei. É uma questão de anatomia e eu serei o mais conciso possível. — Respirou fundo antes de prosseguir: — O coração é um órgão que trabalha em conjunto com os pulmões. Um depende do outro, e, no caso do seu pai, acredito fielmente que o problema não seja nos pulmões, mas sim no coração. Há tempos tenho percebido uma queda no ritmo cardíaco. O coração bombeia sangue para todo o corpo e interfere diretamente no sistema respiratório. O que seu pai sofreu hoje, quando cheguei aqui, foi uma parada de ambos os órgãos. Foi uma sorte ele ter pedido para me chamar quando começou a sentir as fortes dores no peito, caso contrário, já não estaria entre nós. Não há cura para problemas no coração. Talvez, no futuro, haja alguma possibilidade, estamos avançando significativamente no âmbito das ciências médicas. Contudo, minha cara, infelizmente, nesse determinado momento, não há mais nada que eu possa fazer por Thomas. Eu sinto muito. Deve se preparar para o pior.
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Como Domar Uma Lady Selvagem
Historical FictionSINOPSE: No começo da temporada de casamentos em Londres de 1879, lady Anastácia Lumb, filha bastarda e supostamente a única herdeira do duque de Pennesburg, fugiu às pressas com seu melhor amigo, lorde Matthew Morrison, futuro duque de Hereford, pa...