Como Domar Uma Lady Selvagem

1 - DECISÃO

"Ninguém nasce sabendo ser um Lorde ou uma Lady. Todos aprendem com o tempo, é uma questão cultural. Todos aprendem, mas eu sou a exceção a regra. Que Deus me proteja!"

— Lady Anastácia Lumb

Naquele começo de noite Matthew encarou os peculiares olhos verdes de sua amiga Anastácia e não gostou do viu. As escuras e bem delineadas sobrancelhas uniram-se ao centro da testa assim que a mulher lhe devolveu a sua carta.

Uma expressão austera se acentuou em na face dela cuja pele dourada enaltecia todos os seus traços um tanto exóticos demais para uma inglesa. Mas ela não era uma inglesa de berço. Era uma bela mulher cujas heranças do Oriente estampavam seus traços, assim como prevaleciam em personalidade forte demais para uma lady.

— Então, o que tens a me dizer? — Matthew indagou, cruzando os braços abaixo do seu largo peitoral.

— Você não precisa de mim para dizer o que deves fazer. Está bem claro, Matthew. És inteligente o suficiente para compreender as razão pela qual esta carta foi escrita. — disse a mulher, em um tom de repleta acusação.

Ambos se fitaram por um longo momento. Aquela não era a resposta que ele esperava ouvir. Anastácia não poderia estar sugerindo que ele retornasse a Londres, podia? Não ela cujo bom senso nunca fugia a razão.

Foi somente após um curto período de reflexão, que Matthew finalmente decidiu enfim declarar:

— Não posso voltar a Londres. Não estou preparado para enfrentar o ducado. Nunca estive. — Sua voz carregou um certo medo que, até aquele momento, Anastácia jamais havia detectado. Matthew estava apavorado. Daquilo a lady tinha a mais nítida certeza.

— Ninguém nasce preparado para um ducado, lordes aprendem com o tempo. Esse título é seu desde que nasceu. Então, a menos que morra, você, Marquês de Rotlander, será o futuro Duque de Hereford. — Anastácia proferiu tais palavras com firmeza, fazendo com que Matthew recordasse de suas responsabilidades.

— Eu te chamei aqui para fornecer-me uma solução! Não para proferir tais verdades que ambos estamos cansados de saber — Matthew bradou, socando a pequena mesa que ficava no centro da minúscula sala. — Sempre estive ciente do peso deste ducado sob os meus ombros. Mas eu nunca o quis e, portanto, não tenho a mínima intenção de voltar para Londres.

Anastácia, completamente calma, levantou-se do sofá, passou a mão pela saia de seu simples vestido marrom, que assim como os demais, sempre esteve livre do espartilho, e declarou em um tom brando:

— Não se trata apenas do ducado, meu amigo. Seu pai, que por sinal é um grande e respeitoso homem, está morrendo. Que tipo de filho será você, se negar que ele o veja pela última vez?

Aquela indagação o atingiu no âmago de seu egoísmo. O jovem Lorde amava o pai, jamais se perdoaria se não fosse vê-lo antes que partisse do mundo.

— Poucos são os duques que concedem um período sabático aos seus filhos antes que eles tenham que encarar todas as responsabilidades de um ducado. — continuou Anastácia — Seu pai fez tudo o que esteve ao alcance para que você pudesse experimentar a liberdade que agora, infelizmente, meu caro, chegou ao fim. — A mulher detentora da mais plácida razão, soltou um suspiro, diminuiu a distância entre os dois e segurou as mãos dele nas suas e concluiu: — Eu não posso te salvar de quem você é, Matthew. Não posso te salvar do seu futuro devido ao simples fato de que sua família precisa de você.

Matthew fitou olhos verdes da sua amiga e só então soube que ela estava certa. Sua mãe e suas duas irmãs precisariam dele. Ele era o único herdeiro e seria o duque que os protegeria dos abutres aristocratas britânicos. Ele voltaria a Londres. Não havia outra possibilidade.

— E quanto a você, permanecerá aqui com sua liberdade?

Anastácia sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos.

— Não, meu caro amigo. Nós partimos nessa aventura juntos, acredito que devemos retornar juntos. Contudo, teremos de unir nossas forças se quisermos enfrentar a inabalável aristocracia britânica.

A jovem, como sempre, não demostrou medo algum ao retornar para o lugar que jamais a aceitou de bom grado.

— Um marquês que partiu para o Oriente com uma jovem inglesa que por sua vez recusou a ser apresentada à sociedade. Bem, digamos que toda Londres terá muito o que comentar sobre nós. — expressou Matthew, enquanto abraçava a amiga.

Anastácia gargalhou alto.

— Ao menos consegui fugir do casamento. — ela replicou satisfeita.

— De fato fugiu, minha cara. Homem nenhum vai querer casar com alguém tão escandalosa como você. — o jovem marquês rebateu com bom humor.

Anastácia, todavia, apenas mostrou-lhe a língua em uma espécie de careta.

— Eles não sabem o que estão perdendo, as mulheres escandalosas são as melhores. — argumentou ela, e tornou-se a sentar na poltrona para terminar seu uísque.

Matthew também tornou a ocupar o seu lugar no sofá.

— Providenciarei nossas acomodações para o próximo navio que partirá a Londres. — informou, antes de levar o resto do uísque aos lábios.

Anastácia balançou a cabeça confirmando e calou-se espantosamente.

Por um longo momento, Matthew analisou a amiga tentando decifrar seus pensamentos. Mas, como sempre, ela havia se fechado dentro de si e nada em sua face demostrava o que sentia.

De início, o marquês ficou preocupado com Any, todavia, logo a preocupação fora dissipada. Ela era a mulher mais forte que ele já conhecera, portanto sabia que a jovem enfrentaria todas as acusações da aristocracia britânica sem sequer pestanejar.

Matthew então sorriu ao chegar à conclusão de que a Inglaterra jamais seria a mesma quando o furacão Anastácia retornasse a Londres. Sua amiga não seria esquecida pelos ingleses. Talvez nem tudo seria ruim.

Estava decidido: ambos retornariam. Mas será que eles conseguiriam ser felizes? Essa resposta caberia a apenas ao tempo.

Que Deus os protegesse, pois nada mais seria como antes.

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Olá Ladies, tudo bem com vocês?

Espero que estejam apreciando a história!

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Beijos, Lady Luana Maurine