"Homens não são cegos. São apenas prepotentes. Dificilmente acreditam que mulheres podem ser melhor que eles, o que nos tornam invisíveis sob suas errôneas perspectivas. Um erro terrível, afinal".
— Lady Anastácia Morrison
Naquele mesmo dia, após a visita ao pai, Any retornou para a casa, pois necessitava realizar as últimas inspeções nas recentes instalações na residência White. O que ela não esperava, no entanto, era encontrar a sogra. Soube, no mesmo instante, que aquela não seria uma visita fácil afinal.— Anastácia? É você? — inquiriu Katherine, do andar superior ao ouvir o som da porta principal.
— Sim! — Any respirou fundo. Sabia que teria um árduo embate pela frente.
— Venha aqui, agora! — ordenou em tom autoritário, tão típico de uma mulher acostumada a dar ordens a qualquer pessoa.
Anastácia ergueu a barra do vestido e subiu a escada. Percorreu o corredor e finalmente encontrou Katherine, prostrada no quarto de banho, encarando o chuveiro como se encarasse um monstro.
— O que você fez com a minha casa? Meu Deus! Destruiu a arquitetura de muitas gerações! — exclamou, evidentemente indignada.
— Sua casa não, Katherine. Minha casa. Eu sou esposa do Matthew. Eu sou a duquesa de Hereford. Essa é a minha casa e eu a tornei mais confortável para minha habitação.
Um rubor vermelho ocupou a face da duquesa viúva e Any não soube dizer se era de vergonha ou raiva.
— Como teve a coragem de destruir a herança de gerações? Se eu soubesse que iria destruir a residência White, jamais teria aceitado a troca.
Anastácia respirou fundo novamente. Ponderou, por um momento, encontrando as palavras para se expressar e finalmente disse:— Eu sou uma mulher de negócios. Vivo do presente, pensando no futuro. Isto — Apontou para o cômodo — é o futuro. Em breve todas as casas terão formas mais eficazes de se higienizar e nem por isso deixarão de ser as mesmas residências que abrigaram os antepassados. O tempo traz mudanças, Katherine. O mundo está mudando rapidamente e se não conseguir acompanhá-lo, será deixada para trás.
Anastácia deu as costas e partiu rumo a porta, mas antes de sair, Katherine esbravejou:
— Esta foi a casa em que criei meus filhos! Temos lembranças aqui, Anastácia. Eu não deveria ter permitido que mudasse para cá.
Any girou o corpo de modo a fitar a sogra.
— Essa é a última vez que direi isso: esta é a minha casa. Não preciso da sua permissão para fazer qualquer alteração, pois cada parede, cada tijolo, cada centelha de pó, pertence a mim. Não que seja da sua conta, mas não pretendo fazer mais modificações além das que já foram feitas. Eu a considero muito, Katherine, és muito importante para mim. Contudo, devo acrescentar que, se vier à minha casa questionar minhas ações e insinuar que eu não tenho poder de decisão sob o meu teto, não será bem-vinda aqui e espero que não volte. Faça o que bem entender com a sua residência em Holland Park, mas aqui, em Mafayr, eu sou a proprietária e não permito que me questionem.
Lady Katherine Morrison calou-se subitamente. Depois de tantos anos, Anastácia foi a primeira pessoa que a teve coragem de confrontá-la e deixá-la sem palavras, pois a nora tinha razão: Katherine era o passado, a duquesa viúva, e Any era o futuro, a nova duquesa. Devia aceitar que tudo havia mudado.
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Como Domar Uma Lady Selvagem
Ficción históricaSINOPSE: No começo da temporada de casamentos em Londres de 1879, lady Anastácia Lumb, filha bastarda e supostamente a única herdeira do duque de Pennesburg, fugiu às pressas com seu melhor amigo, lorde Matthew Morrison, futuro duque de Hereford, pa...