2 - AJUDA

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"Os homens temem o matrimônio, pois temem serem rendidos por uma mulher".

— Lady Anastácia Lumb

L O N D R E S,  1 8 8 9

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L O N D R E S, 1 8 8 9

2 anos depois


A


noite estava movimentada, era início de mais uma temporada de casamentos, e após dançarem e flertarem no primeiro baile realizado na residência do conde de Weston, cuja filha mais velha, lady Any Mary, acabara de ser apresentada a sociedade, tudo que os jovens aristocratas solteiros ansiavam era em passar algum tempo junto de mulheres livres, com quem poderiam dar asas as suas libertinagens.

Anastácia entendia muito bem sobre o desejo dos homens, era uma mulher vivida que conhecia ambos os lados da sociedade britânica; talvez fosse a única mulher em toda Londres que frequentava tanto o antro supostamente imaculado dos cavalheiros, quanto aos salões de bailes das mais importantes famílias londrinas, incluindo, é claro, a própria realeza de quem ela e seu pai, duque de Pennesburg, eram demasiados próximos.

Anastácia era a única filha, ainda que bastarda, do duque mais importante de toda a Londres. Seria a única herdeira do maior ducado londrino se tivesse tido a sorte de ter nascido homem. Mas ela não teve. Infelizmente, era uma mulher e mulheres não tinham qualquer valor para aquela sociedade que não fossem para casar e procriar. Ah como Anastácia odiava aquilo! Odiava aquele sexismo. Odiava a nobreza que apenas favoreciam aos homens. Mas, sobretudo, odiava a submissão das mulheres que não tinham a mínima coragem de alterar seus fatídicos e tão previsíveis destinos.

Contudo, Anastácia não era como qualquer outra mulher. Disso todos sabiam.

Graças ao bom Deus, seu pai sempre esteve à frente de seu tempo e era considerado um espírito livre por muitos com quem vivera. Nunca foi de seu feitio se preocupar com as tradições deveras arcaicas. Foi por essa razão que, ainda muito jovem, ele deixou a Inglaterra e viajou pelo mundo, conhecendo lugares que muitas pessoas sequer ouviram falar. O duque já tinha experimentado todos os prazeres da carne, quando conheceu a mãe de Any; uma dama da noite que enfeitiçou o duque com suas danças permeadas da mais luxuriosa sensualidade, cujos quadris se movimentavam como se bela e misteriosa deusa árabe estivesse possuída com o espírito de uma naja altamente letal. Latifa o conquistou de todas as formas. Foi um terrível infortúnio para o pai de Anastácia, que sua dama — a mulher da vida dele— ter falecido no parto ao dar à luz a Any, a filha que veio ao mundo para ser o seu maior tesouro; a maior riqueza do duque de Pennesburg; o seu maior legado. A menina poderia ser bastarda aos olhos dos homens, mas era sua filha de todo o coração e alma. Aquela era uma certeza que ninguém jamais poderia contrariar.

Anastácia Lumb sempre soube que era fruto do mais puro amor. Todavia, ao contrário de todas as outras meninas com quem crescera, seu pai jamais lhe podou a liberdade e sempre lhe dissera que ela poderia fazer o que tivesse vontade. Ao invés de bordar, ela aprendera a esgrimar. Não tinha habilidade para tocar piano, mas atirava com uma arma de fogo com muita maestria. Não sabia portar-se como uma lady, porém cavalgava melhor do que qualquer outro rapaz. Nunca teve o dom de fingir timidez ou ignorância, muito pelo contrário, aos seus treze anos de idade ela já falava além da língua nativa, latim e árabe. Além disso, já ajudava seu pai na contabilidade. Com quinze anos, dividiu com duque a responsabilidade de manter o ducado e seus arrendatários. Ela tinha uma boa mente para os números e lógica, o duque Thomas Alexander Lumb a educara não ser apenas para ser uma Lady, mas para ser uma mulher que não temeria o mundo que a ameaçaria a devorar.

Como Domar Uma Lady SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora