"Perder alguém para morte é algo desolador. Nada é capaz de consolar o coração daqueles que foram deixados. Apenas o tempo é capaz de curar as feridas. E o tempo é efêmero. Nem sempre é suficiente; nem sempre é capaz de curar".
— Matthew Morrison
Desde pequeno, Matthew sempre se orgulhou de sua amizade com Anastácia. Nunca foram capazes de esconder algo um do outro Matt, às vezes dizia que conseguia ler os pensamentos dela e vice-versa. Eram abertos um com o outro, como nenhuma outra pessoa poderia ser.
Todavia, após a morte do pai, Any, pela primeira vez, fechou-se por completo. Naquele terrível período de luto e solidão, Matt não foi capaz de alcançá-la. Any, que sempre foi uma mulher forte e cheia de coragem, fora arrebatada pela dor do luto. Perder o pai a atingiu severamente e ela definhou dia após dia, calada, presa em um mar de dor que quase a afogou. Matt, por mais que tentasse, não conseguiu alcançá-la. E aquilo o deixou arrasado.
Na primeira semana de luto, Any se enclausurou no quarto e somente viu a luz do dia, quando Matt ou a senhora Garrison abria a janela. Ainda assim, ela permanecia deitada na cama, incapaz de esboçar qualquer emoção além da tristeza absoluta.
Mary Garrison se estabelecera na residência White para cuidar de sua pequena. Uma missão impossível. Nem mesmo Matthew que era o maior confidente de Anastácia, conseguiu tirá-la daquele estado depreciativo. Mary, infelizmente, também não obteve êxito e ambos sofriam ao ver a pequena Any naquele lamentável estado.
Todas as noites, quando Matthew se deitava ao lado da esposa, ela se aninhava no refúgio dos braços dele e chorava até cair no sono. Matth a abraçava forte, tentando confortá-la da melhor forma possível, e somente caia em lágrimas, quando tinha a certeza de que Anu não o veria chorar.
Dia após dia, ele levou as refeições ao quarto e a fazia comer. Por vezes tinha de alimentá-la na boca, como uma criança, e com frequência, Any chorava ao sentir a dor lhe consumir. Mas estava comendo, não havia entregado as pontas — ao menos não ainda. O duque tentava reanimá-la de alguma forma e sempre lhe dizia como estavam os negócios, falava sobre o The Royal, bem como o The Ladies, porém, nenhum daqueles assuntos despertou qualquer emoção. Mesmo assim, Matt não deixou de lhe transmitir aquelas informações.
A pior parte, para o duque, era o banho. Sempre tinha de carregar Anastácia até o quarto de banho, caso contrário, ela não emitia nenhum desejo de se higienizar. Matt retirava as vestes dela e a colocava embaixo do chuveiro. Any, por sua vez, encolhia-se sob as águas mornas e se agarrava em Matt enquanto chorava e urrava, deixando esvair a dor que lhe afligia. Os ecos do choro se espalhavam pelo cômodo, ricocheteando diretamente no coração do duque. Ele não havia dito a ninguém, mas no fundo, temia perder sua Anastácia para o luto. Matt tentava ser forte, mas quando se encontrava sozinho, chorava tão alto quanto Any.
Todos os dias foram a sucessão de um ciclo de dor e desolação. Matt já sofrera com o luto, mas sua dor não chegou nem perto do que Any sentia, pois ele sempre teve uma família e ela já não tinha ninguém além dele.
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Como Domar Uma Lady Selvagem
Historical FictionSINOPSE: No começo da temporada de casamentos em Londres de 1879, lady Anastácia Lumb, filha bastarda e supostamente a única herdeira do duque de Pennesburg, fugiu às pressas com seu melhor amigo, lorde Matthew Morrison, futuro duque de Hereford, pa...