Rafaella

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Vinte minutos depois, o fogo diminuiu pelo menos um pouco. Tempo suficiente para Bianca e eu voltarmos a fazer o que sempre fizemos tão bem: Brigar para usar o chuveiro.

“Ganhei a aposta do beijo com folga”, digo, tentando beliscar o braço dela, caído sobre minha barriga.

“Aquele beijo foi péssimo, eu tomo banho primeiro. Um mês inteiro. Era o trato. Agora me deixa levantar.”

“Sem chance. O beijo de ontem não foi péssimo. Prensei você contra a parede da cozinha e rolou total.”

“Esse foi o segundo beijo”, argumento, torcendo para que ela note meu tom de voz professoral. “O trato era referente ao primeiro.”

“Não teve segundo beijo, foi uma continuação do primeiro. Achei que a gente tivesse concordado com isso ontem à noite. Você até me deixou escolher o canal.”

“Bom, agora tive tempo de repensar as coisas”, digo, tímida. “E decidi que quem ganhou fui eu.”

“Ah, você decidiu”, ela responde, se apoiando no braço para me olhar. “Então é assim?” Finjo pensar a respeito.

“É. Bem isso mesmo.”

Ela estreita os olhos. “Fiz você gozar. Duas vezes. Não pode ter dois orgasmos e ser a primeira a tomar banho.”

Consigo levantar seu braço o suficiente para me desvencilhar. “É por causa dos orgasmos que preciso de um banho. Estou toda… grudenta.”

Ela ergue uma sobrancelha, depois senta, sem nenhuma vergonha de sua nudez.

Saio correndo para o banheiro e dou um grito quando ouço seu “Nem fodendo!”, seguido do som de seus pés no chão.

Estou quase fechando a porta quando ela a segura com a mão espalmada e entra comigo no banheiro.

“Seja educada, Andrade”, digo aos risos.

“Seja uma dama, Kalimann.”

Estamos sorrindo uma para a outra feito duas idiotas, e não entendo por que pensei que talvez não fosse dar certo. Claro, foi meio esquisito por, tipo, meio segundo, quando ela tirou minha blusa, mas depois foi… bom. Não, foi perfeito. E, o melhor de tudo, foi divertido. Não é por isso que as pessoas fazem sexo?

Ela se aproxima de mim e dou um passo atrás, notando que não existe mais espaço entre mim e a banheira. Quando percebe que não tenho para onde ir, ela para e se inclina um pouco na minha direção, então um pouco mais, e aí…

Ela enfia a mão atrás da cortina e abre a torneira.

“Espero que esteja esquentando a água para mim”, digo quando ela endireita o corpo.

“Não.” Bianca puxa a cortina. “Estou esquentando pra gente.”

“Quê? Ah… ah!”, exclamo quando suas mãos encontram minha cintura, me conduzindo para a banheira. Ela entra comigo, fechando a cortina para que fiquemos só nós duas lá dentro, com nossa nudez e o vapor da água.

“Espertinha”, digo com a voz meio aguda, enquanto suas mãos sobem pelas laterais do meu corpo.

“Ah, é?” Ela se inclina para a frente e morde de leve minha orelha. “Pensei que todo mundo sairia ganhando assim.”

Sua boca desce para meu pescoço, e meus olhos se fecham. Sempre fui louca por isso, e Bianca descobriu rapidinho. Ela chega mais perto e meus olhos se arregalam.

“Como assim? Você quer de novo?”, pergunto.

Sinto seu sorriso se formar no meu pescoço. “Tenho vinte e quatro anos. Estou no auge da minha vida sexual.”

Apenas amigas?Onde histórias criam vida. Descubra agora