A ideia de Bianca é muito, muito boa na teoria. Quer dizer, essa coisa de “vamos começar a dormir com outras pessoas antes que as coisas fiquem intensas demais”.
Fiquei aliviada por ela ter falado isso, de verdade. Porque Bianca tem razão.
Apesar de não estarmos, tipo, apaixonadas, duas semanas de monogamia não estavam no acordo.Era para ser sexo sem compromisso enquanto as duas estivessem a fim. Só que não sabíamos que íamos estar a fim o tempo todo .
Então, como eu ia dizendo, arrumarmos outras parceiras é um bom plano. Ótimo. Na teoria.
Na prática…
Argh .
O motivo de eu ter sugerido para Bianca que começássemos a transar foi minha dificuldade de pensar em fazer sexo com uma desconhecida. Como minha mãe falou, eu claramente preciso estabelecer algum tipo de vínculo com a pessoa antes de ir pra cama. É por isso que por mais legal e linda que Bárbara Labres seja… Não posso ir pra casa dela. Simplesmente não dá.
Bárbara não força a barra, isso eu tenho que reconhecer. Depois de um jantar gostoso num restaurantezinho italiano bem informal que ela sugeriu, a garota não demonstra o menor descontentamento quando aviso que vou chamar um táxi.
“Posso ligar pra você?”, ela pergunta no momento constrangedor em que fico parada na frente do táxi com a porta aberta.
“Claro, seria ótimo”, respondo, sincera.
Não sei se ela é o amor da minha vida ou coisa do tipo, mas o jantar foi legal. Pode até não ter rolado uma tensão sexual ainda, mas um segundo encontro não faria mal.“Que bom”, ela diz com um sorriso largo bem legal.
Então ela põe as mãos no meu rosto e me beija. Também é legal.
Só quando estou no táxi a caminho de casa percebo que estou associando Bárbara naturalmente à palavra “legal”.
“Legal” não é ruim. Mas também não é…
O que estou procurando. Quero mais.
Só não sei o quê.Pago o taxista, tiro a chave da bolsa e me encaminho para a porta da frente.
Todas as minhas esperanças de uma noite tranquila com um bom livro e uma taça de vinho tinto desaparecem assim que entro.
A música está alta, para superar o som da TV (também alta). Ouço vozes de um monte de gente bêbada. Solto um suspiro quando ponho a bolsa sobre o aparador. Pelo jeito os planos de Bianca para uma noitada acabaram sendo levados para dentro de casa. E dá pra entender por quê, já que ela achava que teria a casa só pra si. Sem dúvida nenhuma transmiti a impressão de que ia dormir com Bárbara.Talvez se eu subir de mansinho ela não descubra…
“Rafa!”
Droga. Fui descoberta. E por Gizelly. Não a vejo desde a noite em que levei o pé na bunda de Bruna. Os detalhes do encontro estão bem confusos na minha mente, para dizer o mínimo.
“Oi!”, digo, colocando um sorriso no rosto. Sempre gostei de Gizelly. É bem melhor que a babaca da Luiza.
Ela me dá um abraço, e agradeço mentalmente por não vir com uma mão boba, animada com meu vestidinho preto bem, hã, justo.
“Bianca falou que você não ia dormir em casa hoje”, ela comenta. Pois é. Gizelly diz isso em tom de desculpas, provavelmente pela rave que se desenrola.
“Mudei de planos”, digo com um sorriso. “Mas pelo jeito vocês estão se divertindo.”
“Com certeza”, ela diz. “Toma uma com a gente.” Fico hesitante, porque quero ir direto para o quarto. Mas Gizelly com certeza vai contar pra Bianca que cheguei, que vai querer saber o que está acontecendo, ou, pior, vai achar que a estou evitando.
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Apenas amigas?
FanfictionSerá que vale a pena arriscar uma grande amizade em troca de um amor inesquecível? Aos vinte e dois anos, a jovem Rafaella Kalimann leva a vida que sempre sonhou. Tem uma namorada inteligente e responsável, um emprego promissor e a companhia de sua...