Entre câmeras e passarelas

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Me espreguicei acordando em plena manhã pensando em hoje que seria um dia corrido. Levantei da cama e abri as cortinas vendo o sol quase me convidar pra lhe ver, não muito pois ele podia levemente me deixar cega.

Inclusive que loucura isso de sol, sua beleza e se você tem muito dele você se queima e se você tem pouco você adoece. O equilíbrio soa mais impossível pra mim do que meu cabelo cacheado não acordar toda manhã embolado da forma que eu estou enxergando no espelho nesse momento.

Falando em sol talvez o calor dele tenha me pegado em cheio. Tomei essa conclusão depois de cheirar minhas axilas e sentir o cheiro da morte cancerígena, mas enfim, acabaremos com isso agora com um bom banho frio e relaxante.

(...)

— Olá nana, bom dia. — Beijei o topo da cabeça da mulher de terceira idade em minha frente.

— Bom dia minha querida, preparei seu café. 

— Não precisa nana, já falei que aqui você só precisa fazer o mínimo possível. — Bebi um pouco de suco — Inclusive já não era pra você trabalhar mais, mas você é teimosa.

— Eu faço isso porque gosto, querida. E também quero me certificar de que você está bem.

— Eu amo você, nana. Mas enfim, vou indo. — Comi o último pedaço do meu pão com requeijão.

— Nem comeu nada.

— Comi sim, tá tudo bem. — Peguei minha bolsa e me despedi dela saindo de casa logo depois.

Peguei meu carro e dei partida ligando o som e deixando uma música de cigarretes after sex. Batia os pés no ritmo da música e deixava viajar naquilo. Primeiro passei por uma farmácia pra comprar um remédio de cólica, não sabia se o útero estava me mantendo viva ou me matando.

Saindo da farmácia olhei uma publicidade com minha foto lá, estampada. Anos de carreira e ainda me deixa encantada me ver assim. Sorrindo pra as paredes eu caí na real e balancei a cabeça mas quando destravei o carro vi que tinha um carro atrás do meu, grudado.

Ótimo!

— Quem foi o sem noção que estacionou essa po... Pipoca aqui? — Tirei meus óculos e apareceu como um fantasma, literalmente da cor dela, uma menina de cabelos pretos, cabelo preso, boné e roupas largas.

— Eu, algum problema? — Cruzou os braços abaixo do busto.

— Todos mas uma questão, como você acha que eu vou tirar meu carro daqui?

— Não tirou a carteira não?

— Tirei mas carteira pra aprender a dirigir e não a pilotar, porque eu só sairia daqui voando.

— Como ela é raivosa, olha só.

— Ô sua deficiente de melanina, vamos tirar seu pretinho da reta? Porque caso contrario eu vou levar a lataria do seu carro pra casa.

— Pede com educação então. — Ri alto com sarcasmos.

— Ah quer saber? Não tenho tempo pra perder. — Entrei no carro e liguei dando a ré e ouvindo o estrondo e sorrindo de canto.

Olhei pra trás e empurrei mais um pouco pra sair da vaga. Sai e bati a porta do carro.

— Sua filha da puta!

— Não me ofende chamar minha mãe de puta, profissão visionária. — A garota me olhava com os olhos azuis dela quase saindo faisca.

Ela que não tirou e ainda fica com raiva?

— Você ainda vai me pagar.

— Sim, vou dar na pista pra pagar a você. — Entrei no carro e joguei um beijo no ar pra ela antes de sair.

Oneshots||Billie Eilish  Onde histórias criam vida. Descubra agora