The reality is such cruel(2)

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Claro, você tá sempre certa, né? — Disse rindo com sarcasmo.

— Não, você que não sabe aceitar que tá errada em algumas situações, Billie, e isso me cansa.

— E você acha que eu não canso ouvindo você me corrigir de cinco em cinco com umas palavras nada a ver querendo se sair de inteligente. Ah, Hellen, eu também canso, entendeu? — Ela respirou fundo e parou de andar de um lado pra outro.

— O que eu acho é que você não aceita que erra por traumas que você teve do seu passado, por exemplo, você não tem responsabilidade afetiva nenhuma.

— Tá vendo? Já tá me corrigindo com essas porras que eu não sei o nome. Mas se é pra listar defeitos, o seu é que você acha que todo mundo tem que lamber onde você passar porque você foi criada assim.

— Eu não quero que você faça isso, só quero que você pare de me deixar confusa se você gosta de mim ou não. — Passei a mão nos cabelos.

— Caralho, quem tá me confundindo é você. Não tá claro ainda? Eu larguei minha vida, me arrisquei por você e você ainda vem com essa. Eu desconfio se você gosta de mim mesmo, porque você me enche o saco. — Hellen ficou me encarando.

— Eu me recuso a continuar a porra de qualquer conversa com você. Você não sabe conversar com ninguém sem querer passar por cima da pessoa antes, você é... Doente, sei lá. — Pegou sua bolsa em cima da minha cama e abriu a porta.

Virei pra o outro lado passando a mão pelos cabelos e sai atrás dela vendo ela descendo as escadas rápido.

— Você não vai embora sozinha, é tarde. — Tentei lhe acompanhar descendo as escadas também.

— Você não se preocupa comigo, Billie, a tua prioridade é só você, e eu não quero atrapalhar isso.

— Não, vamos conversar direito, eu... Porra, não quero mais brigar contigo, Hellen. — Ela colocou a mão na maçaneta e me olhou.

— Se você não gostasse disso, você iria se esforçar pra entender meu lado, mas não é isso que eu vejo vindo de você. — Abriu a porta e bateu.

Suspirei e sentei no degrau da escada abaixando a cabeça e me sentindo culpada novamente.

....

Virei pra o outro lado da cama pensando que já fazia uma semana que eu não via a Hellen. As vezes fico pensando se ela tem razão, mas eu não consigo ser diferente, não consigo enxergar onde eu erro, não consigo mudar e isso me sufoca.

Ninguém nunca me ensinou a ser alguém melhor. O exemplo de pai e mãe que eu tive eram dois desesperados sempre tentando fugir um do outro, eles não tinham tempo pra me ensinar a ser alguém com base emocional.

Eu não faço ideia de como ser alguém melhor.

O meu primeiro exemplo de relacionamento que eu tive foi um abusivo, eu não tive pai e minha mãe não parou pra mostrar em que momento eu estava errada. Primeiro que eu era repremida, tinha medo até de respirar na frente deles, e segundo que ela não tinha mais saúde mental pra isso, ela tava cansada demais pra guiar uma criança a ser alguém melhor.

E eu não culpo ela, mas agora isso tá fodendo a minha primeira oportunidade de tentar me relacionar com alguém. Eu quebrei um tabu muito grande dentro de mim pra ficar com a Hellen, porque eu sempre tive medo de relacionamentos. Morria de medo de achar alguém igual ao meu pai por azar.

Oneshots||Billie Eilish  Onde histórias criam vida. Descubra agora