1- Encontro

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GIZELLY BICALHO,

No fim do ano passado em que fiz meus dezoito anos, minha mãe juntamente com meu pai fizeram uma festa em comemoração para mim. Mesmo eu não ligando muito para ter ou não algo nesse dia tão especial (mais para minha mãe do que para mim), eu até que gostei da bagunça que rolou no quintal de minha casa. Meus amigos apareceram, e não só eles. Algumas pessoas da escola também, incluindo o diretor e alguns professores as quais me deram aula desde nova no Colégio Militar Samarithano, que é onde eu curso meu último ano do ensino médio.

Minha mãe fez questão de chamar todos.

Meus pais são separados, viemos de Vitória para o Rio de Janeiro com meu irmão ainda em seus primeiros anos de vida. Hoje ele tem quinze, e é meu xodó.

Ele só não pode saber disso.

Estudo no Samarithano há cinco anos no lado B, onde só recebe os meninos. Pois desde quando me pegaram fazendo minhas necessidades em pé no banheiro feminino, minha mãe precisou ir até a escola convencer o diretor de que eu era apenas uma mera menina especial. O que não o convenceu de me deixar no lado A do Campus, junto das meninas. Porque além desse incidente, as câmeras dos corredores captaram quando agarrei algumas delas e as beijei.

Lógico, com o consentimento de todas.

Há dois anos que vivo um romance secreto com Marcela, uma das meninas populares da escola. Ela anda com um grupo de meninas, as meninas mais desejadas. Dentre elas Rafaella. As duas são amigas de turma e as que mandam e desmandam em todo o lado A. Marcela não é assumida e esconde o jogo a sete chaves. Eu não ligo e nunca cobrei dela nos assumir ou não, até porque nosso colégio é rígido e o diretor mais ainda. Por tanto, nos encontramos nos intervalos ou sempre que temos oportunidades.

A grade de aulas dos alunos somos nós mesmos que escolhemos. Duas vezes na semana tenho aulas com algumas meninas do lado A. Artes e Ciência. É quando as grades batem, e nenhuma delas consegui conciliar com minha namorada.

O que me frustrou um pouco.

- Ei, Furacão?!- Paulinho, meu melhor amigo, me gritou do portão de entrada. Parei onde eu estava para lhe esperar, até que ele chegou mais perto e logo nos abraçamos. - Como foi as férias no seu pai?-

- Foi incrível! Como você está? Senti saudades.-

- Estou bem! Também senti sua falta.- Nos afastamos para ajeitar nossas mochilas nas costas e seguimos à diante. - A última vez que nos vimos foi na sua festa, que por sinal foi a melhor. Fechou o ano com chave de ouro.-

- Minha mãe ta pagando aquela mesa de vidro que a Flay caiu em cima até hoje.- Falei rindo da lembrança. O que o fez rir também.

- A Flay só passa vergonha, e já deveríamos ter acostumado com nossa amiga.-

- Já estou acostumada, afinal não é só ela né?!- Paramos em um dos bancos no campus e sentamos. - Será que ela já chegou?- Perguntei estreitando os olhos para o lado A, onde as meninas entravam. Os dois lados eram separados apenas por uma grade de ferro de fora à fora.

- Olha ela lá!- Paulo apontou para onde nossa amiga acenava animada. Ao seu lado, Luiza e Ivy. Acenamos de volta.
- NO INTERVALO NOS FALAMOS!!!-

- Ei, não grita! Meu ouvido não é penico.-

- Ei, vocês? Achei que não viessem hoje.- Pyong chamou nossa atenção junto de Felipe.

- Já estava agoniada, doida para as férias acabar.- Falei e logo fui interrompida pelo vibrar do meu telefone celular.

Ma
Ansiosa pra te ver.
Bjs

Me peguei sorrindo boba para a tela do celular. A partir de então, não ouvi nada do que falavam em minha volta.
Logo chegou outra mensagem.

Duas garotas, um encontro. (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora