39 - Estruturas Abaladas

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RAFAELLA

Após uma semana depois das férias, me vi mais apta à volta da rotina escolar. Durante todos os dias voltei para as atividades extracurriculares no mesmo, e começamos as manobras no teatro. Dessa vez, ensaios para cantata de natal.

Na segunda-feira, quatro dias atrás, Gizelly sofreu um acidente durante seu treino. Fiquei deveras preocupada, porém não queria entrar em contato para saber como ela passava. Pedi Manu para que o fizesse. Eu estava lutando contra minhas vontades e desejos por ela, e optei, por enquanto, por manter nossa distância. Confesso que estou morrendo de saudades, mas não posso deixar que essa história ou essa fase chata atrapalhe meu desenvolvimento cerebral. Ou seja, minha saúde mental está bem melhor do jeito que está. No entanto, sinto muito por ter que levar isso dessa maneira.

Afastadas.

Por diversas vezes cogitei em ceder suas ligações e mensagens, ou até mesmo quando a portaria do condomínio onde moro interfonava para minha casa dizendo sobre sua visita. Entretanto, Manoela sempre me aconselhava a não desistir.

- Se por um acaso ela esteja mesmo gostando de você, ela só vai se dar conta quando ver que te perdeu. E se assim for, não se preocupe porque ela não vai desistir.-

Foram as palavras da minha prima, quando Gizelly me ligou pela enésima vez na semana que antecedeu a volta às aulas. Logo após minha festa de aniversário.

E Manoela tinha razão, eu havia conversado com ela na segunda-feira após minha festa, assim que ela voltou para casa. Contei sobre a atitude de Gizelly em deixar a festa de repente e sem avisar, e sobre nossa pequena conversa através da ligação que eu fiz. E dialogando sobre o assunto, chegamos a conclusão de que Gizelly estaria com ciúmes. Não só da nossa situação como ela havia dito, mas sim por eu estar ficando com outra pessoa. O que eu achei estranho, pois ela nunca teve ciúmes de mim. Ela até dava forças para eu ceder as investidas de João Vicente, mesmo sabendo que já "namoramos" na adolescência.

Hoje, sexta-feira, faz duas semanas que não falo com ela. Exceto segunda-feira na pré-chamada, onde tivemos que concluir uma atividade juntas.

Cheguei no colégio e depois de ter guardado meus pertences no armário e ter pego alguns livros, segui para os corredores da pré-chamada. Eu estava atrasada, e o sinal já tinha soado. Todavia, todos já estavam em sala.

Pedi licença a professora e segui para minha carteira. Gizelly já estava lá, anotando as atividades em seu fichário. E ela estava linda, de cabelos presos em um rabo de cavalo, e seu uniforme.

- Bom dia!- A cumprimentei ofegante por ter chego quase correndo, e ela sorriu.

- Bom dia Rafaella!- Seu cumprimento me fez engolir em seco, pois sei que ela só me chama pelo nome quando está aberta comigo para qualquer coisa. Caso contrário, meu sobrenome prevalece como de qualquer aluno nessa escola.

Me sentei e organizei meus materiais na mesa.

Hoje a aula seria de geografia e sociologia. E até que estava legal, não foi massante como costuma ser. Os dois primeiros tempos passou rápido, e após o intervalo de lanche, voltamos para a sala novamente. Gizelly estava quieta o tempo todo, e era estranho, pois ela sempre fazia questão de participar das aulas. Seja tirando dúvidas com os professores, ou até mesmo ajudando a quem precisava de ajuda nas questões.

Quando o intervalo de almoço chegou, eu estava terminando a última atividade. Foi quando ela abriu a boca para falar pela primeira vez no dia.

- Vamos almoçar hoje?-

Arregalei os olhos com o susto que sua voz me deu. Sem reação alguma diante de sua pergunta, que mais parecia um pedido, pareceu que meu sangue parou de circular no mesmo instante.

Duas garotas, um encontro. (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora