RAFAELLA
Marcella me esperava do outro lado da calçada. Assim que fechei o portão da casa de Gizelly, atravessei a rua bufando irritada comigo mesma por ter inventado a desculpa fajula do trabalho para vê-la. A verdade é que assim que recebi sua mensagem dizendo ter chego, eu não me contive até chamar minha prima e vir até aqui. Eu só não sabia que ia me arrepender dessa minha atitude burra.
- Que foi?- Fui tirada de meus xingamentos internos com sua pergunta.
- A Marcela está aí.- Minha resposta desanimada a fez erguer as sobrancelhas. - Vamos embora, pede logo o carro.-
- Já estou pedindo. Mas calma! Você viu alguma coisa?-
- Antes fosse... Ela estava super íntima com a mãe e a vó da Gi.-
- É prima, acho que você vai ter que começar a dar um passo para trás agora.- A encarei confusa em resposta. - Você já correu atrás dela até e alcançar. Até aí tudo bem... Mas daí continuou indo pra frente e ela simplesmente parou e permaneceu parada. Assim você vai acabar se machucando nessa história toda Rafa.-
- Você tem razão, mas como vou fazer isso?! Já estou envolvida demais Marcela.- Choraminguei e ela me olhou em compaixão.
- Eu sei, prima. Por isso estou te falando essas coisas. É melhor você começar a pôr na balança isso tudo. Vale a pena?-
- Eu não quero ficar correndo atrás dela. Mas aí quando eu tento me afastar, ela sempre vem atrás de mim e se mostra atenciosa comigo.-
- Como ela trata você?-
- Super bem! Ela é muito carinhosa. Talvez seja esse carinho todo que está me confundindo.-
- Aí fica complicado. Só posso te dizer pra pôr o pé no freio um pouco. Olha hoje por exemplo... Ela chegou e nem foi lá, você que veio aqui. O fim de semana todo sem ela te responder... Pensa bem.-
Diante de suas palavras me vi sem respostas. O carro chegou e demos partida.
****
Na manhã seguinte de segunda-feira, acordei desanimada de ir a aula. Pensando no que poderia ter acontecido para Marcela estar na casa de Gizelly num momento de descontração, passei a noite inteira em claro, com uma angústia sem fim. Meu sono me pegou quase pela manhã, e estou eu aqui agora, três horas depois.
....
Manoela e eu chegamos no colégio e após todo o processo de guardar as coisas no armário, seguimos para o Campus. Nossos amigos já estavam presentes entre risadas e brincadeiras. Cumprimentamos todos e embarcamos na conversa esperando pelo alarme tocar. Faltando pouco para o sinal, João chegou e me cumprimentou. Apresentei ele para os demais e conversamos um pouco.
Eu estava sem jeito perto dele, pois no sábado quando saímos com as meninas para lanchar, em meio as brincadeiras e fletes, ele pediu um beijo meu. Eu não neguei e nem aceitei, apenas desconversei todas as vezes que ele jogava uma dessas. "E aí, Rafa?! Quando vamos viver um remember?, "Você conseguiu ser ainda mais linda", "Meu sonho era ganhar um beijo seu". E quando eu respondia que ele já havia ganho, elee respondia de volta: "Mas nem me lembro direito. Faz tanto tempo!" A verdade era que eu pensava em Gizelly o tempo todo. Não é que eu devesse fidelidade à ela, até porque não conversamos sobre exclusividade. É que eu não imagino beijando outra boca, à não ser a dela. E pensando nessa idéia de 'não exclusividade', me pegava sentindo-me mal no rolê, e bastante enciumada. Não vou dizer que não me diverti com ele e minhas primas e nem me distraí, porque vivi isso tudo sim aquela noite. Mas vez ou outra me pegava checando o telefone celular atrás de algum sinal seu.
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Duas garotas, um encontro. (Girafa G!P)
FanfictionNo ensino médio, Gizelly e Rafaella se conhecem e tem uma amizade especial. Mas gradualmente se transforma em um romance inesperado, pegando ambas de surpresa.