35 - Preparativos

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RAFAELLA

Eu definitivamente não esperava encontrar Gizelly numa quinta-feira à noite em uma lanchonete em meu bairro.

No dia anterior, quarta-feira, em que cheguei de Minas logo após minha conversa com Gizelly, tirei um cochilo rápido de descanso e quando acordei, minha mãe e eu fomos em busca do que faltava para minha festa. Depois de resolver os últimos detalhes, voltamos para casa e assim que me vi livre de qualquer compromisso, sentei na mesa com meus pais e meu irmão para o jantar. Logo após me recolhi.

Li e respondi algumas mensagens, incluindo a de Léo que dizia ter chego ao Rio. E não estranhei o fato no entanto, mesmo sabendo que ele mora em São Paulo. Pois eu o convidei para minha festa, e considerando a idéia de que meu primo Eusébio e seus pais chegariam ao Rio nesse mesmo dia, porém mais tarde, automaticamente Léo também viria.

Eu só não contava com ele me chamando para sair junto de meus primos.

Simplesmente respondi que não daria certo, por eu estar extremamente cansada. Pois cheguei de viagem cedo e só deu tempo de hibernar por algumas horinhas. Ele entendeu, mas estendeu o convite para o dia seguinte caso eu não tivesse nada para fazer. A diferença é que seria somente ele e eu desta vez.

Durante o dia de hoje, quinta-feira, resolvi que tiraria ele todo para mim. Eu precisava desse descanso, já que no dia seguinte, sexta-feira, seria uma correria sem fim. Pois marquei de fazer meu cabelo e unhas nesse mesmo dia em específico.

Passei o dia todo em meu quarto assistindo séries e filmes. Depois peguei em meu livro, aproveitei a banheira em meu banheiro por algum tempo, e quando a tarde se foi dando lugar para a noite, recebi uma mensagem entre tantas de Léo. Esse que confirmava nosso encontro. Combinamos o horário e onde seria, e resolvi me aprontar. Durante o dia eu não fiz questão de pegar em meu telefone celular, pois quando estou em meu modo off, é assim que acontece. Eu comigo mesma.

Mensagem de Gizelly, no entanto, só havia pela manhã. Um bom dia seu.

Bufei frustrada com nossa situação atual, apesar de estar estável, e fui tirada de meus devaneios quando meu telefone celular fez barulho. Era Léo dizendo estar chegando nos portões de meu condomínio.

Não, eu não autorizei sua entrada, ainda. Talvez quando Eusébio e meus tios viessem, ele viria. Porém como convidado deles. Não por ele em si, mas pelo fato de eu ainda não querer me comprometer com nada além de alguns beijos e dates.

Lembro-me de quando sentei na mesa com o cardápio nas mãos, assim que chegamos. Fiz minha escolha e por puro ato impulsivo, como se eu sentisse olhos sobre nós, virei minha atenção para frente, onde avistei Gizelly e Paulo Ricardo nos encarando. No primeiro instante levei um susto em vê-la ali depois de tanto tempo desde nossa viagem para Petrópolis. E com as mãos trêmulas e o coração batendo na boca, tomei a atitude de ir até a mesa deles.

Gizelly estava uma gata, com um par de jeans composta por uma jaqueta descolada e muito cheirosa.

Depois de nosso pequeno diálogo na mesa, em que fomos interrompidos por Léo, voltei para a minha mesa. Desde então, não consegui me concentrar em nada do que meu acompanhante dizia. Gizelly estava de costa para nós, e eu só conseguia acompanhar seus movimentos quando ela vez ou outra mexia em seus cabelos. Em um dado momento ela os puxou para trás, prendendo-os em um coque frouxo no alto de sua cabeça. Ato que fez-me segurar minha vontade súbita de ir até lá e cheirar sua nuca, morder e beijar.

Dei graças os céus que Léo não percebeu nada. Ou se percebeu, não fez questão de questionar. Pois eu não queria ter que mentir sobre nós duas, e nem deixar que ele saiba, correndo o risco de passar pelo que eu já passo com João.

Duas garotas, um encontro. (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora